Título: Ciro diz que "carregará panfletos" para Vladimir no Rio
Autor: Chico Santos
Fonte: Valor Econômico, 10/05/2005, Política, p. A9

O ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, disse ontem que uma eventual transferência do seu domicílio eleitoral para o Rio de Janeiro não significa que ele será candidato a governador do Estado nas eleições de 2006. "Será que está à minha altura fazer um bom trabalho pelo Rio de Janeiro? Não sei. Quero dizer o seguinte: qual é a minha tarefa? Carregar panfleto para Vladimir Palmeira. Então é o que será feito. Vou ajudar no que estiver ao meu alcance", disse simulando um diálogo. O ministro falou rapidamente com os jornalistas após fazer palestra na sede da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). Logo em seguida, alfinetou o pré-candidato petista ao governo do Rio, respondendo a uma pergunta. O jornalista disse que Vladimir havia dito ser ele próprio o representante da esquerda na disputa; o senador Sérgio Cabral Filho, pré-candidato do PMDB, representaria o populismo de direita e Cesar Maia (PFL), prefeito da capital, seria o representante da direita. A partir desse enunciado, perguntou o que estava faltando para satisfazer a população do Rio. "Parar de falar em adjetivo e falar em substantivo. Qual é o projeto positivo para o Rio de Janeiro e quem vai fazer o que nesse projeto", respondeu o ministro. Para Ciro, as classificações políticas como direita e esquerda existem para os sociólogos analisarem. "A população do Rio não está procurando um rótulo. Ela quer alguém militante, homem ou mulher, que assumindo a responsabilidade galvanize as melhores energias e faça as coisas funcionarem", afirmou, acrescentando depois que, em termos de militância, se considera no campo do centro-esquerda. O ministro não quis confirmar, mas não descartou a hipótese da sua transferência do PPS, seu atual partido, para o PSB. "Não vou colocar o carro à frente dos bois. Nunca fiz isso. Posso ir, eventualmente, para outro partido e esse partido pode, eventualmente, ser o PSB, mas isso será a conclusão de uma dinâmica", disse. Segundo ele, essa dinâmica envolve desde conversar presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, com quem disse ter "deveres éticos e funcionais", até discutir com os "companheiros e companheiras do Ceará". Ciro também comentou o projeto em tramitação no Congresso Nacional que acaba com a verticalização (as coligações no plano federal valem também para os Estados) para as próximas eleições. "Minha opinião é que deveríamos deixar as regras como estão", afirmou, acrescentando que o Brasil precisa de regras eleitorais que sejam mantidas por pelo menos dez eleições consecutivas. "Quer tirar a verticalização? Então pronto, perdemos essa, vamos fazer outra regra, mas, pelo amor de Deus, vamos fazer dez eleições seguidas com a mesma regra", conclamou.