Título: Petrobras lucra mais na Argentina
Autor: Paulo Braga
Fonte: Valor Econômico, 10/05/2005, Empresas &, p. B2

A filial argentina da Petrobras registrou no primeiro trimestre deste ano um lucro 48,8% superior ao do mesmo período de 2004. Apesar dos números positivos, o resultado da empresa foi inferior ao esperado pelo mercado, e as ações da companhia foram as que apresentaram queda mais acentuada entre os papéis que cotizam na Bolsa de Buenos Aires, com um recuo de 2,5% contra uma queda do índice Merval de 1,6%. De acordo com os dados do balanço da empresa, a Petrobras teve lucro líquido de 122 milhões de pesos, (US$ 42 milhões) em comparação com os 82 milhões obtidos no primeiro trimestre do ano passado. "As ações caíram porque o mercado esperava um resultado entre 150 milhões e 200 milhões de pesos", disse o analista Rafael Ber, da consultoria Argentine Research. Ber atribuiu a queda a uma avaliação superficial do desempenho da empresa por parte do mercado, que ele considera ser bom, e disse não acreditar que a queda verificada ontem represente uma tendência. No trimestre as vendas líquidas da Petrobras totalizaram 2,452 bilhões de pesos, contra 1,866 bilhão no ano passado. A empresa afirmou que o crescimento foi ocasionado pelo aumento dos preços internacionais do petróleo e pela melhoria das margens de lucro na refinação, apesar de uma queda de 4,1% no volume de vendas. Tanto o volume de produção de petróleo quanto de gás na Argentina tiveram queda, de 1,4% e de 7,7%, respectivamente. As exportações de gás caíram 30%, devido a uma determinação oficial que obrigou a companhia a direcionar a produção para o mercado interno, onde os preços são inferiores. Com a chegada do inverno, a Argentina corre o risco de ter problemas com o abastecimento de gás, já que a demanda cresceu e não houve incremento da oferta em relação ao ano passado. Por causa disso, o governo estabeleceu que as necessidades domésticas devem ser supridas antes de que as empresas possam exportar. As companhias de petróleo também só estão conseguindo repassar parcialmente a alta dos preços internacionais do petróleo aos seus produtos. No mês passado, Shell e Esso foram obrigadas a voltar atrás em um aumento do diesel e da gasolina, depois de o presidente Néstor Kirchner ter pedido que a população fizesse um boicote contra os que aumentassem preços. A Petrobras não aumentou seus preços.