Título: Exportação de fruta da Bahia tem alta de 74%
Autor: Patrick Cruz
Fonte: Valor Econômico, 10/05/2005, Agronegócios, p. B14

Os produtores baianos de frutas estão descobrindo novos destinos para sua produção, o que ampliou fortemente as exportações do setor no primeiro trimestre do ano. Os embarques cresceram quase 60%, passando de 5,9 mil toneladas para 9,4 mil toneladas. Isso representou um acréscimo de 74% na receita, que saiu de US$ 3,5 milhões para US$ 6,1 milhões. As exportações de sucos e preparados de frutas também avançaram. Os embarques somaram US$ 314 milhões, alta de 38,5% sobre os primeiros três meses de 2004. A aposta é de crescimento ainda mais robusto no segundo semestre, que concentra a colheita da maioria das frutas. Nesses primeiros meses, as mangas baianas passaram a ser exportadas pela primeira vez ao Japão. O abacaxi baiano, por sua vez, começou a ter o mercado europeu como destino em meados de 2004, o que se refletiu no crescimento dos embarques no primeiro trimestre. No mês que vem começa o projeto-piloto de exportação para Portugal de abacaxi produzido em Itaberaba, a 267 quilômetros da capital. O porto de Salvador concentra as exportações dos frutos baianos. O bom desempenho do setor ajudou o porto a registrar o melhor trimestre de sua história, segundo Jorge Medauar, diretor-presidente da Codeba, empresa que administra o porto. A movimentação foi de 744 mil toneladas, 16,5% superior ao do primeiro trimestre de 2004. "O maior destino das frutas é a Europa, mas já existe a expectativa de de crescimento por conta de mais embarques para os EUA", disse. A manga comprada pelos japoneses é produzida no Vale do São Francisco e embarcada no aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP). Segundo a Secretaria de Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária da Bahia, o custo maior com logística e adequações fitossanitárias é compensado pelo preço final do fruto - uma única manga chega a ser vendida por US$ 30. Fazendas como a Nova Fronteira, localizada em Juazeiro, a 494 quilômetros de Salvador, estão exportando para os exigentes japoneses. Entre as adequações estão uma seleção mais rigorosa das frutas - não são aceitos defeitos como arranhões ou formato pouco uniformes - e o monitoramento da temperatura exata da água usada na lavagem. Os japoneses pedem que se mantenha a temperatura de 46 graus no interior do caroço por cinco minutos, tarefa com a qual se busca eliminar pragas. O custo total acaba ficando em US$ 25 por caixa de seis quilos. No fim de setembro, começam os primeiros embarques para a Holanda de manga da região de Coribe, a 940 quilômetros de Salvador. É o primeiro acerto fechado entre os holandeses e a Associação dos Produtores do Perímetro Irrigado do Formosinho (Asppif), mas os produtores já se animam. "Eles mostraram interesse em comprar também abacaxi, banana e laranja da Bahia", diz o produtor Givaldo Alves da Cunha, da Asppif.