Título: "O Brasil fez o dever de casa"
Autor: Assis Moreira
Fonte: Valor Econômico, 10/05/2005, Finanças, p. C8

O cenário internacional recomenda cautela, mas o Brasil já se antecipou a essa situação e pode encarar com tranqüilidade e segurança o aumento da aversão ao risco. Essa foi a mensagem que o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, deixou ontem em Basiléia para as outras autoridades monetárias reunidas no BIS. "O Brasil fez o dever de casa, adotamos todas as medidas de preparação para um cenário de maior aversão ao risco", afirmou o presidente do BC brasileiro, enumerando entra essas medidas uma "política monetária prudente e política fiscal de novo sinalizando continuada queda da dívida/PIB". Segundo Meirelles, o país tem um nível "confortável" de reservas internacionais, mas continuará com o programa "altamente bem-sucedido" para aumentá-las. A maior aversão ao risco tende a reduzir o fluxo de capitais para os países emergentes. Mas Meirelles acha que as emissões de títulos de dívida do Brasil no mercado internacional ocorrerão normalmente, lembrando que foi isso o que ocorreu no primeiro semestre de 2004, quando o risco-Brasil aumentou e o país operou normalmente. Enquanto Jean-Claude Trichet, do G-10, fala de "fenômeno novo" para qualificar a alta dos spreads cobrados dos emergentes, o presidente do BC brasileiro diz que na verdade já houve "refluxo em função do reconhecimento pelos mercados da posição mais sólida e menos vulnerável do Brasil". Para ele, o "ajuste" nos spreads, com elevação do risco-país, já era esperado, porque estavam muito baixos para padrões históricos. O importante que é que as avaliações dos riscos são feitos de acordo com os fundamentos "e o Brasil está bem", garante Meirelles. Embora o aumento de preços de insumos tenda a ameaçar o crescimento econômico, o presidente do BC mantém as previsões de avanço da economia brasileira divulgadas no começo do ano. Indagado até que ponto a evolução dos preços do petróleo e de certas commodities afetarão a inflação, limitou-se a dizer: ´"Vamos ver". Meirelles tampouco acha necessário redobrar cautela na condução da política econômica, insistindo que o Brasil se antecipou à "mudança de cenário, que não é dramática". (AM)