Título: PDT cresce e espera conter perda de deputados
Autor: Henrique Gomes Batista
Fonte: Valor Econômico, 15/10/2004, Política, p. A-10

Muitos previram que com a morte de Leonel Brizola o PDT deveria definhar, mas os resultados das urnas, apresentados pelo partido, ontem, em Brasília, mostram o contrário. O PDT cresceu nas últimas eleições municipais, passando de 145 prefeitos antes do pleito para 300 municípios administrados pelo partido, além das sete cidades em que disputa o segundo turno, entre elas Salvador, Maceió, Niterói e Campinas. Carlos Lupi, presidente do partido, já espera utilizar os bons números vindos das urnas para crescer no Congresso e viabilizar a união estratégica com o PPS. Um acordo com Heloísa Helena também pode ocorrer, se a senadora não conseguir organizar seu partido, o PSOL, a tempo de concorrer às eleições de 2006. Em 2000, o PDT elegeu 287 prefeitos e hoje já tem garantidas 300 cidades sob o seu comando, independente do segundo turno. O partido chegou às eleições de 3 de outubro com apenas 145 prefeituras do total eleito em 2000 e teve seu quadro reduzido de 21 para 12 deputados federais. A diferença é que, agora, além de Brizola, o partido não conta mais com Anthony Garotinho, que na época era governador do Rio de Janeiro pelo partido e ajudou a puxar votos. Com isso, Lupi acredita que poderá evitar a sangria que ocorreu nos últimos anos. "Já queimamos nossa gordura e quem ficou deu uma prova inequívoca de fidelidade", afirma. Lupi festeja o fato de o PDT ser o quinto colocado nos votos de legenda para vereadores, atrás apenas do PT, PSDB, PMDB e PFL e o sexto lugar no número total de votos para prefeito, sendo a opção de 5,5 milhões de eleitores - perdendo apenas para os mesmos quatro partidos mais o PP. "Somos o maior dos partidos médios", diz. Apesar disso, o PDT foi o partido de esquerda que menos cresceu com as eleições. "Não temos a máquina a nosso favor", disse. O partido, após o segundo turno, terá 16 deputados federais - decorrente de suplências assumidas - e espera atrair até o fim do ano mais três ou cinco deputados, além de alguns senadores. "Há muita gente descontente no governo", diz. Com isso ele pretende construir uma plataforma para 2006, com o PPS. "Vamos pensar primeiro em uma aliança, fusão só após os resultados positivos", afirma. Ele acredita que o PPS adotará a postura de independência em relação ao governo, o que significaria a saída do ministro Ciro Gomes da sigla. Ele não descartou a possibilidade de a legenda servir para o grupo político expulso do PT, liderado pela senadora Heloisa Helena, entrar na sigla caso o PSOL não fique apto até outubro do ano que vem, prazo para que a sigla possa concorrer em 2006.