Título: BNDES estuda projeto para máquinas e equipamentos
Autor: Janes Rocha
Fonte: Valor Econômico, 11/05/2005, Especial, p. A12

O diretor de Planejamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Antonio Barros de Castro, disse ontem que o banco está trabalhando em um projeto destinado a concentrar o aumento imediato da taxa de investimento (formação bruta de capital fixo) da economia brasileira em máquinas e equipamentos. Ele está convencido de que se houver um aumento de um ponto percentual na taxa, hoje na casa dos 20%, concentrado em máquinas e equipamentos, "haverá uma explosão" capaz de sustentar o crescimento econômico do país por dois ou três anos. Esse esforço representaria investimentos em máquinas de aproximadamente R$ 18 bilhões, ou seja, menos de um terço do orçamento de empréstimos R$ 60,8 bilhões do BNDES para este ano. "A concentração permite um crescimento rápido sem dar um salto na taxa de investimento", disse Castro. Segundo ele, as mudanças revolucionárias nos sistemas de gestão e na tecnologia fizeram com que se esteja "na hora e na vez" dos países continentes, já chamados pejorativamente de "baleias", como China, Índia e Brasil. Só que, mesmo tendo alguns indicadores macroeconômicos, como renda per capita, melhores que os dos dois concorrentes, o Brasil está "em ritmo pachorrento" enquanto China e Índia estão à toda velocidade. A concentração de investimentos em máquinas e equipamentos permitirá, segundo o raciocínio de Castro, que o Brasil ganhe velocidade de crescimento imediata, "fertilizando" a estrutura que já está disponível, enquanto reconstitui, com base na inovação tecnológica, sua "máquina de crescer". Para isso o país precisa aumentar consistentemente sua taxa de investimento e dispor de um "sistema nacional de inovação" azeitado. "Estamos na fase de aproveitar o potencial", explicou. Segundo Castro, a taxa de investimento em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) brasileira, de aproximadamente 20%, é composta por dois terços de construção e um terço (cerca de 33%) de bens de capital. Entre os bens de capital, 75% são máquinas e equipamentos, o que representa cerca de 25% da taxa de investimento, ou 5% do PIB. "Se você aumentar em um ponto a formação bruta de capital fixo concentrada em máquinas e equipamentos haverá uma explosão", previu o diretor do BNDES. Castro não deu detalhes de como o BNDES pretende trabalhar para atingir esse objetivo, mas disse que ele está na mira do banco.