Título: Lucro da Vale cresce 69% e atinge R$ 1,6 bilhão
Autor: Vera Saavedra Durão
Fonte: Valor Econômico, 12/05/2005, Brasil, p. A2

A Cia. Vale do Rio Doce (CVRD) fechou o primeiro trimestre do ano com um lucro líquido de R$ 1,61 bilhão pelas regras brasileiras. O resultado ficou 69% acima do mesmo período de 2004. O lucro por ação foi de R$ 1,40. A geração de caixa, medida pelo critério Lajida (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) foi de R$ 2,37 bilhões. A receita bruta somou R$ 7 bilhões, ou 18,9% comparado a igual período. O retorno sobre o patrimônio líquido foi de 32,7%, ante 24,7% no mesmo trimestre de 2004. O lucro em Brazilian GAAP ficou abaixo das projeções dos analistas ouvidos pelo Valor. O analista Pedro Galdi, do ABN Amro estimava um ganho de R$ 1,9 bilhão para a empresa. Já Luiz Caetano, do banco Brascan, trabalhava com R$ 2,1 bilhões. O Lajida projetado pelos especialistas ficou aquém do valor anunciado. O balanço em US Gaap, consolidado, fechou o primeiro trimestre com um lucro de US$ 698 milhões, correspondente a lucro por ação de US$ 0,61. Este lucro teve crescimento de 72,3% ante os US$ 405 milhões obtidos no primeiro trimestre de 2004 e é o terceiro mais elevado da história da companhia. A geração de caixa medida pelo Lajida ajustado (sem considerar dividendos recebidos) dentro das normas da contabilidade americana) alcançou US$ 993 milhões, ou 33,6% a mais sobre o primeiro trimestre de 2004. Felipe Reis, analista do Santander, projetou para o trimestre um resultado em US GAAP bem próximo do efetivo, de US$ 617 milhões e Lajida ajustado de US$ 890 milhões. Luiz Mann, do Credit Suisse First Boston (CSFB) trabalhava com um ganho no consolidado de US$ 820 milhões e um Lajida de US$ 1,2 bilhão. Reis atribuiu o resultado da companhia em US Gaap (menor que o mercado esperava) ao fato de que a Vale ainda não captou os novos preços do minério - que subiram 71,5% para o fino e 86% para pelotas. "O preço do minério aumentou tarde, no final de fevereiro, não deu tempo do retroativo a ser pago pelas siderúrgicas brasileiras e européias, que teriam que praticar os novos preços a partir de primeiro de janeiro. Os asiáticos só começaram a pratica-los a partir de abril". Para Reis, "o melhor da festa para as mineradoras vai começar no segundo trimestre". Os analistas são unânimes em considerar que o mercado de minério de ferro ainda está bastante aquecido, não havendo sinais de retração desse cenário pelo menos até 2006. Segundo Caetano, do Brascan, no primeiro trimestre de ano os dados de produção de aço do IISI (instituto internacional do setor) mostraram um aumento de 6,5% no volume produzido pelas usinas, com a China puxando a siderurgia mundial, com crescimento acima de 20% no período. Em seu balanço distribuído ontem, a CVRD destaca que os resultados do primeiro trimestre foram obtidos em condições adversas, derivadas da valorização do real contra o dólar, pressões de custos de mão-de-obra, energia, matérias-primas, peças e equipamentos, e, sobretudo um forte impacto sazonal por conta das chuvas de verão, sobre a produção de minério e das ferrovias. Mesmo com este cenário desfavorável, a Vale obteve uma receita com venda de minerais ferrosos de R$ 4,44 bilhões - os embarques de minério de ferro geraram R$ 2,7 bilhões e os de pelotas, R$ 1,16 bilhão. Mesmo com as intempéries, que afetaram a produção de minério de ferro de Carajás, no Pará, o volume de vendas no primeiro trimestre alcançou 58,88 milhões de toneladas. Deste volume vendido, 49,15 milhões de toneladas foram de minério de ferro e 9,72 milhões de toneladas de embarques de pelotas. As exportações renderam à Vale US$ 1,33 bilhão no trimestre. As ações da Vale continuaram em queda ontem na Bovespa. As preferenciais caíram 1,34% e as ON 0,37%. No mês, a queda acumulada é de 1,19% na PNA e de 1,17% na ON. No ano, os papéis ainda caem 8,08% e 8,93%, respectivamente. Em 12 meses, porém, elas ganham 56,71% na PNA e 55,80% na ON.