Título: Governo planeja atrair recurso árabe para PPP
Autor: Sergio Leo e Taciana Collet
Fonte: Valor Econômico, 12/05/2005, Brasil, p. A4

O grande volume de recursos financeiros acumulado pelos países do Conselho de Cooperação do Golfo, entre eles Arábia Saudita, Omã e Qatar, está na mira do governo brasileiro, para sustentar projetos de Parcerias Público-Privadas (PPP), informou o chefe do departamento de promoção comercial do Ministério das Relações Externas, Mário Vilalva. Ele espera aproveitar a inauguração da primeira linha aérea diária entre São Paulo e Dubai, nos Emirados Árabes, até o fim do ano, para enviar à região uma missão comercial que deverá ter integrantes do governo encarregados de apresentar propostas de PPPs aos bancos árabes que aplicam recursos desses países. "Queremos fazer 'road shows', como na época das privatizações", diz Vilalva, que contratou uma consultoria britãnica para identificar onde estão os recursos acumulados pelos países árabes, beneficiados pela alta do petróleo. O estudo identificou 30 instituições financeiras que concentram as aplicações de países reunidos no Conselho de Cooperação do Golfo (Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Kuait, Qatar, Bahrein e Omã). Reuniões como a Cúpula América do Sul-Países Árabes e o encontro de empresários que começa hoje em São Paulo, promovido pela Cãmara de Comércio Brasil-Árabe, têm a vantagem de aumentar o conhecimento do setor privado sobre o potencial das duas regiões, argumenta Vilalva. Vilalva lembra que na visita feita por ele aos países árabes, em março, surpreendeu-se ao descobrir que um executivo do Saudi-American Bank (Samba, na sigla em inglês) ainda acreditava haver hiperinflação no Brasil. O Samba, ligado ao Citibank, e instituições como o Saudi-Holland Bank e Saudi-British Bank estão entre os bancos que serão procurados pelo governo brasileiro para apresentação das Parcerias Público-Privadas. A primeira PPP financiada com capital árabe pode ser resultado da visita do presidente Lula à Líbia, em 2003, acredita Vilalva. Já está em fase de estudo de viabilidade o financiamento de um projeto de irrigação para fruticultura em Irecê, na Bahia, a ser realizado em conjunto pela Odebrecht, Codevasf e Lafico, estatal líbia de investimentos. A Lafico comunicou ao Brasil a disposição de financiar projetos em até US$ 450 milhões.(SL)