Título: Brasil apóia China em disputa de têxteis
Autor: Assis Moreira
Fonte: Valor Econômico, 12/05/2005, Brasil, p. A4

O Brasil está apoiando a China na Organização Mundial do Comércio (OMC) contra propostas de exportadores têxteis menos competitivos, ao mesmo tempo em que a indústria brasileira mostra temores com a crescente concorrência chinesa. Exportadores menores da África, América Latina e Ásia insistem para a OMC examinar os aspectos negativos da abolição das cotas de exportação têxtil. E encontrar meios de estabilizar os preços dos produtos têxteis e vestuários, em ação com outras organizações internacionais. Pequim bloqueou, esta semana, a discussão sobre o tema, numa atitude inédita na OMC. No máximo, os chineses aceitam um estudo sobre o impacto nos exportadores mais pobres, e de maneira "informal". Brasil, Índia e Paquistão foram os países apoiaram a posição chinesa. Negociadores brasileiros em Genebra argumentam que o país não pode aceitar a discussão de medidas especificas para regular o mercado têxtil de novo. Pelo seu potencial exportador, dizem, o Brasil não quer debate seletivo, e sim tratamento igual a todos. "Basta o tratamento especial que já é dado aos produtos agrícolas, com a proteção assegurada aos países industrializados", diz um negociador. O bloqueio chinês provocou um afrontamento sério com a Turquia, país que fez "o que outros não fizeram até agora", na expressão de funcionário da OMC. Ou seja, ativar, desde janeiro as cláusulas de salvaguarda contra 42 produtos têxteis chineses, limitando em 7,5% o crescimento das importações procedentes da China. O confronto deve continuar, porque o fim do sistema de cotas permite à China uma enorme expansão de suas exportações baratas. Produtores turcos dizem não entender como Pequim pode vender um par de meias por 0,16 euro, enquanto eles não conseguem produzir o mesmo produto por menos de 0,23 euro. O fim do sistema de cotas têxteis ocorreu na virada de 2004 para 2005. Com o término, China, Índia, Brasil e qualquer outro exportador já não enfrentam mais barreiras de volume para vender seus produtos em grandes ou pequenos mercados.