Título: País tem melhora em ranking de competitividade
Autor: Assis Moreira
Fonte: Valor Econômico, 12/05/2005, Brasil, p. A5

O Brasil ganhou duas posições no ranking de competitividade do Instituto de Administração de Lausanne (IMD), na Suíça. O país passou do 53º para o 51º lugar entre 60 economias (51 países e nove Estados). O resultado do Brasil se deve ao salto no desempenho econômico em 2004, além de ganhos em eficiência empresarial e infra-estrutura. No ranking de "Desempenho Econômico", por exemplo, em que vinha perdendo competitividade há alguns anos, o Brasil teve ganhos expressivos nos itens referentes a investimentos internacionais, economia doméstica, emprego e preços. O Estado de São Paulo é listado como economia à parte e tem, sem surpresas, competitividade melhor do que a do Brasil. Ganhou quatro posições, ficando como a 43ª economia mais competitiva do mundo nesse ranking.

Os Estados Unidos continuam sendo o país mais competitivo do planeta para o IMD. Hong Kong melhorou sua posição de 6º para 2º. A China é a grande surpresa: caiu da 24ª para a 31ª posição, apesar de seu excelente desempenho econômico. A explicação é uma pesquisa de opinião extremamente negativa conduzida junto a homens de negócios no primeiro trimestre deste ano. Eles têm dúvidas sobre a manutenção da expansão chinesa e apontam tensões no sistema financeiro, infra-estrutura e fragibilidade da governança das empresas. Na América Latina, o Chile é o destaque, ficando na 19ª posição. A Argentina está em 58º lugar e a Venezuela em último. Outro relatório sobre a competitividade global será divulgado proximamente, desta vez pelo Fórum Mundial de Economia (FEM). IMD e FEM fazem um afrontamento forte, para vender mais exemplares a empresários e governos. O IMD faz seu ranking pela capacidade de uma economia criar e sustentar o crescimento no longo prazo, com base em mais de 300 critérios reunidos em quatro sub-rankings. O primeiro é "Desempenho Econômico", medido pelo resultado do curto prazo. Este ano, o Brasil deu um salto de 20 posições, passando de 51º em 2004 para 31º este ano. O segundo é "Eficiência Governamental" e aí o país fica bem atrás, na 57ª posição entre 60, só atrás da Itália de Berlusconi, Argentina de Kirchner e Venezuela dirigida por Hugo Chaves. O país melhorou duas posições nos dois últimos critérios: "Eficiência Empresarial" (de 33º para 31º ) e "Infra-Estrutura" (de 54º para 52º). Segundo o IMD, o desempenho da economia melhorou com atração de mais investimentos internacionais, maior dinamismo da própria economia doméstica, que criou mais empregos, e manutenção da inflação sob controle. Entre outros critérios que destacam a economia brasileira estão a flexibilidade e capacidade de adaptação de seu povo, liderança empresarial e custo de vida. Isso explica porque o país é o sétimo na atração de investimentos diretos externos. De outro lado, o Brasil aparece entre os piores do mundo com relação a custo do dinheiro e burocracia para abrir empresas. No item "Spread Bancário", o país está na 58ª posição, com índice de 39,66%, contra 5,23% na média dos países analisados. E são necessários em média 155 dias para se abrir uma empresa (56ª posição), contra 41 dias nos outros países do ranking. A Fundação Dom Cabral, de Belo Horizonte, que trabalha com o IMD na estimativa da competitividade brasileira, estima que se o spread bancário e o número de dias para abrir empresas no Brasil fossem o da média dos países pesquisados (5,23% e 41 dias), além de outros ajustes no nível de risco país, controle da inflação e melhoria nos sistema educacional, o país poderia avançar dez posições no ranking da competitividade. Stephane Garelli, diretor do IMD, lista desafios para a competitividade em 2005: taxa de crescimento desequilibrada entre Ásia, EUA, América Latina e Europa; instabilidade nas três zonas monetárias (dólar, euro e iene); forte apetite por matérias-primas na Ásia e necessidade de capitais pelos EUA, o que pode afetar a capacidade de captação dos emergentes.