Título: Vasp tenta evitar falência e deposita dívida em juízo para poder recorrer
Autor: Cristine Prestes, Vanessa Adachi e Daniel Rittner
Fonte: Valor Econômico, 15/10/2004, Empresas, p. A-3

A Vasp anunciou ontem que fez um depósito em juízo para recorrer da decisão do juiz Carlos Henrique Abrão, da 42ª Vara Cível de São Paulo, que estabeleceu prazo para que a empresa pagasse cerca de R$ 9 milhões devidos à GE Celma e GE Varig, sob pena de ter sua falência decretada. A nota oficial da empresa diz que "a Vasp apresentou sua defesa na Justiça em relação ao pleito das empresas GE Celma e GE Varig, por considerar indevidos os valores que estão sendo cobrados. Com isso, ao demonstrar sua solvência absoluta, aguardará com serenidade a decisão judicial. Por oportuno, a empresa reitera que o depósito foi efetuado." De acordo com o escritório Manhães Moreira Advogados, que representa a General Electric nas ações judiciais, e uma fonte da multinacional, a Vasp fez o depósito em juízo de R$ 9 milhões, o valor total da ação. Mas está recorrendo com as alegações de que o valor devido por ela não está correto e que o juiz seria suspeito para julgar o caso. O juiz Carlos Henrique Abrão é o mesmo que cuidou do caso Parmalat e que determinou a intervenção na empresa alimentícia, antecipando-se à vigência da Lei de Falências. Segundo uma fonte da GE, a dívida total da Vasp com a multinacional é de cerca de US$ 30 milhões. A maior parte dela, cerca de US$ 27 milhões, está sendo executada em um outro processo. A tentativa da Justiça de cobrar a Vasp vem se arrastando desde o dia 6 de outubro, quando um oficial de Justiça iniciou as tentativas de citar um dos diretores da empresa em sua sede, localizada no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, sem sucesso. O oficial foi informado de que os diretores da empresa estariam viajando. Em uma das tentativas, ele foi acompanhado por quatro policiais federais, que percorreram todos os andares da sede da Vasp à procura de algum de seus diretores. Diante da impossibilidade da citação, o juiz decidiu citar a empresa de outras formas, com o envio de um fax ao presidente da Vasp, Wagner Canhedo, e por carta enviada pelo Correio. Na quarta-feira, às 17h29, ele juntou ao processo o comprovante da citação por fax, estabelecendo que a Vasp teria 48 horas para realizar o depósito ou apresentar recurso para evitar a decretação de sua falência. A Vasp deverá receber hoje uma carta-cobrança da Infraero em que a estatal, responsável pela administração dos aeroportos do país, exige o pagamento, em 48 horas úteis, de uma dívida de R$ 11 milhões acumulada nos últimos três meses. Se não receber um depósito nesse valor no prazo estabelecido, a Infraero entrará na terça-feira com uma ação na Justiça Federal de São Paulo. A Vasp tentou em vão, nos últimos dez dias, negociar a dívida com a estatal. Na quarta-feira, apresentou uma proposta de negociação que previa o pagamento do débito em seis parcelas mensais, a partir de dezembro. Os diretores da Infraero rejeitaram a proposta e mantiveram a cobrança diária e antecipada das taxas aeroportuárias da Vasp. Sem pagar todos os dias, a companhia ficará impedida de voar. Além do débito de R$ 11 milhões, a empresa de Wagner Canhedo também feriu o acordo que negociou uma dívida de R$ 774 milhões originada nos anos 90, referente às mesmas taxas, segundo a Infraero.