Título: Equipe de Garotinho cuida de programa
Autor: César Felício e Janaina Vilella
Fonte: Valor Econômico, 12/05/2005, Política, p. A7

A direção nacional do PMDB e os governadores da sigla temem que o programa do partido em rádio e TV no dia 19 se torne um veículo para a promoção da candidatura presidencial do ex-governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho. A produção do programa está a cargo da empresa Mídia Brasil, do jornalista Carlos Rayel, que assessorou Garotinho na campanha presidencial de 2002. Na avaliação da cúpula do partido, caso Garotinho se torne a estrela do programa, poderá unir contra si os governistas da sigla, os governadores e o presidente do partido, Michel Temer (SP), que até o momento garantiu para o ex-governador espaço para a articulação de sua candidatura. O desenlace poderá ser a exclusão de Garotinho do núcleo de decisões do partido. Os produtores do programa já garantiram espaço igualitário para os governadores da sigla. Segundo Carlos Rayel, cada governador terá um minuto e quarenta segundos para destacar os principais êxitos de suas administrações. No Rio, a governadora, Rosinha Matheus, dará ênfase à política de geração de empregos e de atração de novos investimentos para o Estado. Já o governador do Paraná, Roberto Requião, mostrará a experiência do Estado na redução de impostos. "A recomendação do Temer é que haja um equilíbrio entre as falas dos governadores e estamos seguindo isso", disse Rayel, ressaltando que também caberá ao presidente do partido a aprovação do formato final do programa antes de sua exibição em rede nacional. O temor dos dirigentes e dos governadores é sobre o que ocorrerá com os dez minutos restantes do programa. Serão divididos por Garotinho, o ex-governador de São Paulo, Orestes Quércia, o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), o próprio Temer, os líderes do partido no Senado e na Câmara, Ney Suassuna (PB) e José Borba (PR) e o secretário-geral da sigla, Saraiva Felipe (MG) e há o receio de que a fala de Garotinho receba mais destaque, caso se opte por seguir a estratégia adotada pelo PFL em seus programas, que projetou o prefeito do Rio, Cesar Maia, fazendo com que ele subisse nas intenções de voto em algumas pesquisas de opinião. A participação do ex-governador já foi gravada e ele fará os principais ataques à política econômica do governo durante o programa, com críticas à política de juros altos e a alta carga tributária. O ex-governador vai citar números, para procurar mostrar quanto o país estaria deixando de investir por ano na recuperação de estradas e na construção de moradias, para honrar o pagamento de juros da dívida. Garotinho, por enquanto, é o único pré-candidato proclamado da sigla. Temer estimula o surgimento de outras candidaturas, como a dos governadores Germano Rigotto (RS), Roberto Requião (PR) ou Jarbas Vasconcelos (PE) e a do presidente do Supremo Tribunal Federal, Nélson Jobim. Com exceção de Requião, os demais nomes cogitados também são lembrados como possíveis parceiros do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na chapa para a reeleição, caso a aliança com o PT se concretize. A ala do partido mais identificado com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso terminou excluída do programa. Não deverão aparecer os deputados Geddel Vieira Lima (BA), Eliseu Padilha (RS) e Wellington Moreira Franco (RJ). Também não irão participar da gravação os ministros da sigla, o das Comunicações, Eunício Oliveira, e o da Previdência Social, Romero Jucá Filho.