Título: OIT destaca a ação do Brasil antiescravidão
Autor: Assis Moreira
Fonte: Valor Econômico, 12/05/2005, Internacional, p. A9

O Brasil é apontado como destaque mundial no combate ao trabalho escravo, mas ainda apresenta quatro formas básicas de tolhimento da liberdade dos trabalhadores: servidão por dívida, isolamento geográfico das fazendas, presença de guardas armados e retenção de documentos. O tráfico de pessoas também é recorrente. "A principal rota é de pessoas levadas do Piauí e do Maranhão para o Mato Grosso e o Pará", diz Patrícia Audi, coordenadora do projeto de combate ao trabalho escravo no Brasil da OIT. O levantamento feito pela entidade aponta uma mudança na natureza do uso da mão-de-obra escrava. "Antigamente, o Estado explorava. Hoje, é o setor privado. E nele encontramos exploração feita por empresas e por pessoas", diz. O relatório apresenta um número estimado de 25 mil trabalhadores escravos no país. O dado, porém, não pertence à OIT: foi apresentado pelo governo brasileiro em 2004 à ONU. O relatório menciona a formulação de um plano e a criação de um conselho nacional de combate à servidão. O documento destaca também a boa aplicação, por parte do governo, da ajuda de US$ 1,7 milhões repassados pela OIT ao Ministério do Trabalho e Emprego. A verba foi utilizada para melhorar a atuação dos grupos móveis de resgate de trabalhadores escravos. A coordenadora da OIT afirma que é possível acabar com o trabalho escravo: "É preciso haver prevenção, reinserção e, principalmente, o fim da impunidade."