Título: No mercado doméstico, juros derrubam vendas
Autor: Carolina Mandl e Sérgio Bueno
Fonte: Valor Econômico, 12/05/2005, Empresas &, p. B1

As calçadista brasileiras começam a perceber uma desaceleração no consumo interno com o cenário de elevação dos juros. Antônio Britto, diretor-presidente da Azaléia, classifica o desempenho das vendas internas de "preguiçoso" e incapaz de compensar as perdas de receita nas exportações. Segundo Britto, tomando como base o desempenho da Azaléia, o primeiro quadrimestre "não ajudou" a confirmar as expectativas médias do setor, de crescimento de 3% a 5% nas vendas domésticas em 2005. A Grendene observou uma retração de 3,4% nos volumes vendidos, apesar de o aumento de preços ter feito a receita subir 6,8%, para R$ 258 milhões. "Produtos que são vendidos no crediário, como celulares, estão competindo com roupas e calçados", diz Pedro Grendene Bartelle, vice-presidente da fabricante de calçados. Por causa desse cenário no consumo brasileiro e do forte recuo das exportações, a Grendene optou por não fazer projeções de vendas para este trimestre. A Democrata, que produz calçados masculinos, conseguiu elevar suas vendas no Brasil em 33%, para 210,9 mil pares. Mas já observa uma queda de 20% nas encomendas para junho. "Já dá para vislumbrar uma queda de consumo no mercado nacional", diz Marcelo Paduletto, gerente comercial da Democrata. Nas exportações, a empresa observou um acréscimo de 51% no volume em relação ao primeiro trimestre do ano passado. A Klin, que faz sapatos para crianças, manteve no primeiro trimestre deste ano o volume vendido em 2004. "Diante das condições do mercado, nosso trabalho tem sido voltado para a manutenção dos volumes do ano passado", diz Carlos Alberto Mestriner, diretor da Klin. Diante do cenário de valorização do real, a Dakota pensa em transferir parte de sua produção para o mercado interno. As vendas ao exterior absorveram 15% da produção da empresa, segundo Cristiano Körbes, responsável pelo mercado europeu e pelos centros de distribuição no exterior. Com o desempenho interno aquém do esperado, Körbes diz que a empresa pode ter de "planejar" demissões no segundo semestre.