Título: O poder está, cada vez mais, com o comércio e os consumidores
Autor: The Economist
Fonte: Valor Econômico, 12/05/2005, Empresas &, p. B6

Cinqüenta anos atrás, quando os produtos eram mais exclusivos, os fabricantes tinham o controle. Eles podiam cobrar muito por artigos de sucesso porque estes eram feitos em pequenas quantidades. Na medida em que a concorrência aumentou e tornou-se mais globalizada, a oferta de produtos cresceu e eles passaram, cada vez mais, a se parecer uns com os outros. Isso deu vantagem ao comércio, que passou a escolher que produtos vender e a exigir preços melhores dos fornecedores. Agora o consumidor está assumindo o comando. Os direitos dos consumidores foram reforçados por novas legislações e muito mais informações estão prontamente disponíveis em relatórios do consumidor e coisas do gênero. Tudo isso tem tornado mais difícil para os varejistas enganar os consumidores e vender mercadorias de má qualidade. Mas acima de tudo, é a chegada da internet que é a grande responsável pela transferência do poder. A rede mundial de computadores torna mais fácil para as pessoas descobrirem o que elas querem saber e quem oferece o melhor negócio. Isso pode envolver um grupo varejista, mas também um fabricante vendendo direto para o consumidor, ou um negociante no eBay (o grande site de leilões da internet), que comprou uma quantidade de vários produtos e os está leiloando a preços de ocasião. O comércio eletrônico (e-commerce) está crescendo rapidamente. Os compradores on-line dos Estados Unidos gastaram US$ 23 bilhões de 1º de novembro a 26 de dezembro de 2004 (a melhor época de vendas para o comércio), ou 25% mais do que no mesmo período de 2003, segundo pesquisa realizada por Goldman Sachs, Harris Interactive e Nielsen/NetRatings. Os padrões de gastos na internet estão cada vez mais se assemelhando aos dos centros comerciais. As roupas foram o item mais comprado pela internet nos EUA, respondendo por 16% das vendas on-line; seguidas dos brinquedos e vídeo games, com 11%; e os produtos eletrônicos de consumo, com 10%. As jóias foram a categoria de crescimento mais acelerado, com vendas dobrando para US$ 1,9 bilhão. Esses números, no entanto, excluem os serviços, como agendamentos de viagens on-line - um negócio que movimentou US$ 50 bilhões nos EUA em 2004, um crescimento de cerca de 25%. Tudo isso ameaça o futuro de muitos agentes dos centros comerciais. Através de seus computadores, os consumidores podem hoje conseguir acesso fácil a informações que antes apenas os agentes de viagem usavam. Mas, segundo os fabricantes de produtos de consumo, eletrônicos e automóveis vêm constatando, a influência da internet vai muito além da compra on-line de produtos e serviços. Um quarto das pessoas que usam mecanismos de busca para obter dados sobre artigos eletrônicos e computadores acabam comprando um produto - e 92% dessas pessoas compram on-line, diz um estudo conjunto da Overture, uma companhia de marketing controlada pelo Yahoo!, e da comScore Networks, empresa que monitora o comportamento do consumidor. O grupo a ser observado de perto é a geração mais jovem. Os jovens são os usuários mais ávidos da internet porque eles cresceram com seus benefícios. Nos EUA, as pessoas na faixa dos 18 aos 34 anos representam 24% da população, mas respondem por 40% de todas as páginas visitadas da internet. Esta é a nona parte da série especial sobre consumo