Título: Brasil e Espanha fazem acordo na área de pesca
Autor: Cibelle Bouças
Fonte: Valor Econômico, 12/05/2005, Agronegócios, p. A14

A ministra de Agricultura, Pesca e Alimentação da Espanha, Elena Espinosa Mangana, firmou um acordo de cooperação com o ministro da Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca (Seap), José Fritsch, para incentivar os negócios bilaterais na área de pesca. A parceria vem sendo estudada desde 2004 e foi fechada ontem, em São Paulo, durante a Seafood Expo Latino America. Na próxima semana, os países definem um calendário de ações para o ano. "Há um grande interesse em avançar a política de pesca oceânica com o Brasil, mas precisamos saber as dificuldades para definir as ações de cooperação", disse Elena Espinosa. A Espanha quer realizar com o Brasil intercâmbios para formação de profissionais e estudos para avaliar o potencial de pesca oceânica (usando barcos de pesquisa espanhóis). O país também quer ampliar a sua frota de barcos arrendados no Brasil, dos atuais 12 para 200 e quer negociar a instalação de um porto pesqueiro internacional - que hoje não existe. José Fritsch disse que as propostas ainda serão refinadas e discutidas pelos governos. Segundo o ministro, há um consenso sobre transferências de informações e tecnologias e há interesse do Brasil em aumentar o número de barcos arrendados, mas não em 200. "Seria uma pesca predatória que terminaria impedindo o crescimento sustentável do setor no médio prazo", afirmou Fritsch. Segundo dados da Seap, das pouco mais de 80 embarcações de pesca oceânica, 70 são arrendadas de outros países e o volume capturado tem ficado em torno de 50 mil toneladas por ano, quando a capacidade permitida por um acordo internacional é de 100 mil toneladas. . A pesca abaixo do potencial tem atraído outros países para atuar em águas brasileiras, entre eles a Espanha. De acordo com Elena Espinosa, existem 70 empresas interessadas em fazer negócios no Brasil. A Espanha é um dos líderes mundiais no setor de pesca, mas encontra-se no limite da capacidade em sua costa e começa a traçar acordos com países da África e América do Sul. Segundo a ministra, o Brasil é o país que tem mais potencial de crescimento na área pesqueira. O Brasil praticamente não importa pescados da Espanha. Já as exportações totalizaram US$ 18,212 milhões em camarões e polvos no primeiro trimestre, 23,6% do total embarcado pelo Brasil.