Título: BNDES será responsável pela capitalização da Infraero
Autor: Cristiano Romero
Fonte: Valor Econômico, 16/05/2005, Brasil, p. A2

O governo desistiu de abrir o capital da Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero). Na noite de sexta-feira, o vice-presidente e ministro da Defesa, José Alencar, divulgou nota informando que, por orientação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a abertura de capital, que vinha sendo estudada por seu ministério, está agora fora de cogitação. "De fato, a medida foi objeto de cogitação. Todavia, considerando a orientação do presidente Lula e o fato de que o BNDES é acionista da empresa, o aporte de recursos está sendo feito pelo próprio BNDES, descartando-se a idéia cogitada de abertura do capital da Infraero, que continua assim como está: uma empresa pública, de propriedade do Tesouro Nacional e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social", afirma a nota. O governo detém 88,8% do capital da Infraero. As ações restantes pertencem ao Fundo Nacional de Desenvolvimento (FND), administrado pelo BNDES. O plano da Defesa era abrir o capital da empresa, ofertando ao mercado algo entre 30% a 40% do seu capital, mantendo, portanto, o controle nas mãos da União. Agora, a capitalização deverá ser feita pelo BNDES. O objetivo da abertura de capital era arrecadar recursos para investir em modernização e segurança dos aeroportos. No ano passado, a Infraero investiu R$ 260 milhões. A estatal faturou R$ 1,8 bilhão, mas, por causa do elevado investimento e da provisão de R$ 66,8 milhões feita devido às perdas provocadas pela Vasp, lucrou apenas R$ 4,5 milhões. A capitalização da Infraero, via mercado, está sendo abortada depois que o ministro da Casa Civil, José Dirceu, foi convocado pela Comissão de Infra-Estrutura do Senado justamente para explicar a decisão de abertura do capital da estatal. Em tese, com a desistência da abertura do capital, o motivo da convocação não existe mais.