Título: Cemig lucra mais com revisão tarifária
Autor: Paulo Henrique de Sousa
Fonte: Valor Econômico, 16/05/2005, Empresas &, p. B10

No primeiro ano de seu novo plano estratégico, a Cemig lucrou R$ 554,7 milhões no primeiro trimestre, um resultado 87% superior aos R$ 296,4 milhões registrados no mesmo período do ano passado. O diretor de relações com investidores da companhia, Flávio Decat, atribuiu o resultado à revisão tarifária feita pela Aneel. Em abril, a agência revisou a tarifa da Cemig e definiu uma recomposição de 44,41%, retroativa a abril de 2003. Como naquela data o reajuste fora de 31,53%, isso gerou um "ativo regulatório" de R$ 583 milhões. A receita com fornecimento de energia aumentou 3%, passando de R$ 1,9 bilhão, nos primeiros três meses de 2004, para R$ 1,96 bilhão, no primeiro trimestre deste ano. Isso foi resultado da combinação de dois fatores: o aumento médio de 14% nas tarifas, a partir de abril do ano passado, e da redução de 4,11% no volume de energia vendida a consumidores finais. O consumo da classe industrial caiu 6,83% e o da residencial, 3,35%, enquanto a classe comercial consumiu 4,38% mais do que nos três primeiros meses do ano passado. Segundo a empresa, em janeiro deste ano uma "parcela representativa dos grandes consumidores industriais" passou à condição de clientes livres. Por isso, a receita de uso da rede cresceu 311%, alcançando R$ 202,37 milhões. A maior parte desse valor é referente à receita pelo uso da rede da Cemig Distribuição - R$ 183 milhões. A Cemig também vendeu mais energia no MAE. As receitas com as vendas subiram de R$ 7 milhões, no primeiro trimestre de 2004, para R$ 41,36 milhões no mesmo trimestre deste ano. Esse foi o primeiro resultado trimestral da Cemig depois do processo de desverticalização, que separou a companhia em três unidades de negócios: a holding, uma empresa de geração e transmissão e uma terceira exclusivamente de distribuição. O secretário de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais e presidente do Conselho de Administração da Cemig, Wilson Brumer, comentou que a administração da empresa já está voltada para as metas definidas no planejamento estratégico definido para o período 2005-2035: alcançar o limite legal de 20% de participação no mercado nacional de geração e de distribuição de energia. Atualmente, a Cemig tem 6,8% do mercado de geração e 11,8% do de distribuição. "Temos muito espaço para crescer", comentou Brumer. No final da semana passada, a companhia reuniu em Minas Gerais quase 200 pessoas, entre analistas e investidores, para mostrar os planos de atuação da empresa. Entre os presentes estavam representantes do fundo de investimentos inglês TCI, que recentemente anunciou ter comprado 5% de ações preferenciais da companhia no mercado. Para Luiz Antônio Vaz das Neves, diretor da Planner Corretora, a Cemig é a empresa do setor elétrico mais atraente aos olhos dos investidores, principalmente dos estrangeiros. Segundo Neves, foram eles que derrubaram a cotação das ações da Cemig, na sexta-feira - baixa de 5% - em um movimento de realização de lucros. Wilson Brumer lembrou que a estratégia da Cemig é expandir os negócios em parceria com a iniciativa privada, mas prioritariamente com participações minoritárias. O secretário comentou que a Cemig pretende ser um dos grandes participantes do mercado de energia do país. Assim, os planos de expansão não se limitam às terras mineiras. Recentemente, a concessionária adquiriu uma hidrelétrica no Espírito Santo com potência para gerar 30 MW. Brumer comentou que a parceria com a iniciativa privada tem também um outro resultado desejável: conhecer novas culturas e práticas gerenciais. Para agradar aos investidores, a Cemig está implantando uma nova política de distribuição de dividendos. A partir deste ano, 50% dos lucros serão distribuídos semestralmente. E a cada dois anos haverá uma distribuição extraordinária. Dos dividendos do governo do Estado, acionista controlador, 65% ficam na própria empresa como parte do pagamento da dívida de R$ 3 bilhões com a empresa.