Título: Aumento no consumo de GNV preocupa o governo
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 16/05/2005, Empresas &, p. B10

O novo secretário executivo do Ministério de Minas e Energia, Nelson Hubner, está preocupado com o crescimento do consumo de gás natural veicular (GNV) no Brasil. Ele acha que o uso desse combustível não deve ser estimulado lembrando que o Brasil não tem gás. Ele teme que aconteça aqui o mesmo que na Argentina, onde o consumo cresceu, não tendo sido acompanhado pela oferta, causando estrangulamento no mercado. "A gente não gostaria que o gás natural fosse colocado na matriz veicular, haja visto o problema vivido hoje pela Argentina, que inclusive está nos afetando, já que houve rompimento de contratos. Além do mais, no Brasil não temos gás para isso. As importações ainda vêm da Bolívia e a Petrobras ainda está tentando antecipar em um e meio a dois anos a produção do gás da Bacia de Santos", afirmou Hubner. O secretário ressaltou em seguida que o governo prefere um "uso mais nobre" para o gás , como por exemplo pela indústria, de modo a agregar valor à produção de bens nacionais. A menção feita por Hubner ao gás foi feita durante café da manhã com empresários na sexta-feira. As declarações de Hubner surpreenderam a seleta platéia, que contava com executivos da Ipiranga, Chevron e BP. O consumo de GNV vem crescendo no país. No mês passado, a associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás) registrou consumo médio diário em março superior a 40 milhões de metros cúbicos de gás natural no país. Em todo ano de 2004, o consumo de GNV aumentou 15,93% , ainda segundo Abegás. Em um período mais longo, entre 1998 e 2004, o consumo total de gás natural no país aumentou 29,25%. Depois das afirmações de Hubner, alguns participantes lembraram que a falta de gás natural na Argentina foi provocada pelo controle de preços do governo, que não incentivou a exploração pelas empresas de petróleo. Por isso a escassez da oferta não foi provocada pelo aumento do consumo. O novo secretário disse que o governo tem pressa na elaboração da nova Lei do Gás e ainda não tem uma política para o gás e nem instrumentos para conter o aumento do consumo de GNV, frisando que a preocupação deve-se mais a preocupações relativas ao atendimento do mercado, somada à capacidade de produção e transporte da Petrobras. Ele estava acompanhado por seu antecessor, Maurício Tolmasquim. (CS)