Título: Preço agrícola no atacado provoca deflação no IGP-M
Autor: Catherine Vieira
Fonte: Valor Econômico, 13/05/2005, Brasil, p. A4

A primeira prévia de maio do Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) apontou deflação de 0,03%. O índice, que veio abaixo das expectativas projetadas por analistas de mercado - que giravam entre 0,05% e 0,45% - foi fortemente influenciado pela variação negativa dos preços agrícolas no atacado, que registraram queda de 2,70%. Os preços industriais no atacado, no entanto, tiveram alta de 0,39%. Assim, o Índice de Preços por Atacado (IPA) teve recuo de 0,40%. Os preços ao consumidor (IPC) registraram elevação de 0,72%, superior ao percentual de abril (0,41%) e o Índice Nacional de Custo de Construção (INCC) registrou variação positiva de 0,57%, também acima do mês passado. No ano, o IGP-M está acumulado em 2,39% e em 12 meses, a variação é de 9,27%. Segundo o economista Marco Antônio Franklin, da gestora de recursos Plenus, a pressão dos preços agrícolas no atacado foi a grande responsável pela deflação, mas o efeito disso deve ser diluído ao longo do mês. "Nosso sistema de coletas, que apontava essa forte queda no mês passado, já mostra uma elevação dos preços de até 1,5% nos últimos dias", afirma Franklin. "Já no varejo, os preços dos alimentos não dão sinais de que sofrerão redução. Acreditamos que o IGP-M possa fechar o mês em cerca de 0,4%", avalia. Ontem, segundo informações da Andima, os percentuais projetados pelo mercado para o IGP-M de maio recuaram de 0,67% para 0,38%. Na avaliação do economista Luiz Roberto Cunha, professor da PUC-RJ, a deflação na primeira prévia não reflete especificamente sintomas da política monetária. Mas, apesar da alta nos preços industriais, Cunha acredita que para os próximos meses, a tendência é de arrefecimento da inflação. "Essa deflação específica teve impacto dos preços agrícolas, mas a política monetária vem demonstrando efeitos sobre a economia que devem continuar. Os preços industriais já se mostram tranquilos nesse patamar há alguns meses, não há sinais de que vão passar da faixa de 0,40%", diz Cunha. A expansão do crédito pessoal e o aumento do salário mínimo em maio são alguns dos fatores que, segundo os economistas, explicam as altas dos preços ao consumidor. "Nossa coleta de alimentação no varejo mostra uma inflação muito forte", lembra Franklin, da Plenus. O economista acredita, no entanto, que apesar das pressões nesse primeiro quadrimestre, a inflação vai dar sinais de melhora. "A não ser que ocorra algum choque, os reajustes já estão todos dados, não haverá mais altas nos remédios e educação e as principais capitais anteciparam o reajuste dos transportes", lembra Franklin.