Título: Lamy é o favorito para assumir direção da OMC
Autor: Raquel Landim
Fonte: Valor Econômico, 13/05/2005, Brasil, p. A6

O processo de seleção para o novo diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC) terminou ontem à noite. A expectativa nos meios diplomáticos era que o francês Pascal Lamy seria o escolhido. Mas partidários do candidato uruguaio Carlos Perez del Castillo sugeriam prudência. Primeiro, porque na rodada anterior Castillo era apontado como eliminado, mas a vítima foi Jaha Cuttaree (República de Maurício). Segundo, o escolhido deve ser aquele que obterá "consenso", o que significa ausência de objeções. "Imprudência é dizer que Lamy não ganhará, tão óbvia está a vitória dele", disse um embaixador. Nos corredores da OMC, ao meio-dia de ontem, algumas estimativas davam 100 votos para Lamy, contra 35 para Castillo. "Isso é ridículo, ninguém sabe os números", reagiu o embaixador uruguaio Guillermo Vallez. A chefe do processo de seleção, a embaixadora do Quênia Amina Mohamed, continuava fazendo uma avaliação geral dos votos, ontem à noite, e disse que esperava anunciar o resultado hoje (sexta) ou terça-feira. A questão agora é se, na plenária da OMC, algum país freará a escolha, qualquer que ela seja. Países produtores de banana da América Central sempre mostraram forte resistência ao nome de Lamy. Para surpresa de alguns, a Índia votou em Lamy, garantem diplomatas. Contrariando sua posição inicial, na qual diziam preferir um candidato de país em desenvolvimento, os indianos entraram na barganha. O ministro do Comércio, Kamal Nath, fez prevalecer sua opinião contra a burocracia de Nova Délhi e anunciou diretamente a Lamy o apoio, segundo fontes. Em troca, a Índia quer m cargo de diretor-adjunto da OMC. Lamy disse a um jornal francês que, se ganhar, concentrará esforços na conclusão da Rodada Doha, "porque a negociação não será concluída, a menos que os países em desenvolvimento, que representam dois terços dos membros, estiverem satisfeitos com os resultados". Por sua vez, um embaixador sul-americano atribuiu diretamente ao Brasil uma eventual vitória de Lamy, por causa da posição tomada contra Castillo. O próprio Castillo disse recentemente ao Valor ter informações de que Lamy só decidiu lançar sua candidatura depois de Brasília ter apresentado candidato. O futuro diretor vai tomar posse em setembro, substituindo o tailandês Supachai Panitchpakdi, que, por sua vez, foi confirmado pela Assembléia Geral das Nações Unidas como futuro diretor da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad), também sediada em Genebra.