Título: "Deixa que eu cuido do Aldo", diz o presidente a líderes petistas
Autor: Raymundo Costa e Arnaldo Galvão
Fonte: Valor Econômico, 13/05/2005, Política, p. A9

"Deixa que eu cuido do Aldo", disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na noite de quarta-feira, a líderes petistas. A expectativa do PT é que o presidente resolva a situação do ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo, até o fim da próxima semana. Eles acreditam que o presidente nomeará alguém do partido para o cargo, apesar das reações das demais legendas da base ao fato de o PT vir a ocupar um vigésimo ministério no governo. Lula, porém, segundo esses líderes, não deu indicação do que fará, se efetivamente substituirá Aldo ou se simplesmente proporá um novo modelo de coordenação. O presidente tem dito a assessores que a escolha de ministros é prerrogativa dele e que só há duas hipóteses de Aldo deixar o governo: se ele próprio o demitir ou se o ministro pedir para sair. Assessores de Lula têm repetido que nenhuma dessas hipóteses foi colocada. Os líderes dos partidos que integram a base aliada do governo iriam se reunir ontem para discutir sua participação no governo, mas adiaram para a próxima terça-feira. Não está prevista a participação do PT. A irritação é grande com relação à fritura do ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo, e com o fato de serem esses partidos da base excluídos de decisões estratégicas do Palácio. "A posição do PT tem sido a de não considerar a base aliada nas decisões estratégicas do governo. Não adianta responsabilizar o Aldo pelas derrotas na Câmara. O que falta ao governo é uma orientação clara e, ao PT, compreender que o governo não é só dele", reclamou o líder do PSB na Câmara, deputado Renato Casagrande (ES). O líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), rejeitou os argumentos de Casagrande. Disse que não é correto excluir o PT de qualquer discussão da base do governo e fazer uma negociação paralela. O deputado afirmou que o PT é o maior partido desse grupo de apoio ao Executivo no Congresso. "Não concordo com qualquer articulação que exclua o PT". A discussão dos líderes, segundo o que disse Casagrande, será feita com transparência. Ele afirma que, para chegar ao final com sucesso, o governo tem de ter pluralidade política e não pode ter a totalidade de petistas. Deve respeitar a pluralidade da sociedade. "Ministro não tem estabilidade. O presidente pode tirá-lo na hora em que quiser, mas não concordamos com esse método, de enfraquecê-lo de fora para dentro", criticou Casagrande. O líder do PSB defendeu a discussão para estabelecer uma relação de maior respeito. Ele também afirmou que isso é importante para que o governo, neste momento, quando já passou da metade do mandato, possa chegar à fase final com resultados efetivos para a sociedade. Casagrande afirmou que o PT tem de compreender que a presença de outras forças políticas é fundamental para a governabilidade. (Colaborou Taciana Collet)