Título: Para Vasp, outra oferta de compra
Autor: Vanessa Adachi
Fonte: Valor Econômico, 13/05/2005, Empresas &, p. B1

Propostas nos moldes da apresentada por Pedro Lobo não são uma exclusividade da Varig. A Vasp, que já deixou de voar, também tem a sua. Uma empresa chamada GBDS declara-se interessada em adquirir os 60% das ações da companhia aérea que pertencem a Wagner Canhedo. Há quase dois meses, Marcos Faria, apresentando-se como vice-presidente financeiro da GBDS, disse ao Valor que negociava com Canhedo a aquisição do controle da companhia. "Fizemos um estudo de viabilidade do negócio", disse, por telefone. A idéia era desembolsar imediatamente R$ 80 milhões para encerrar os processos trabalhistas que levaram a Vasp à intervenção. Faria afirmou que dispunha, ainda, de algumas dezenas de aeronaves Boeing novas no exterior que poderiam ser trazidas ao país para renovar a frota da Vasp. De acordo com ele, havia contatos com a fabricante Boeing para trocar alguns dos jatos por aeronaves mais antigas, já que os pilotos da Vasp não estariam habilitados para voar nos modelos mais modernos. Assim como a Fontidec Brasil Participações, de Lobo, a GBDS é constituída no país, porém ligada a uma empresa européia, chamada GCC. Faria disse que a GBDS operava no mercado de importação e exportação no Brasil e "vislumbrara na Vasp mais um negócio". De acordo com ele, o interesse surgira em função de um parceiro de negócios na Europa que atuava no setor de aviação. Mais tarde, fez chegar a informação de que tal grupo seria o belga Sabena, que quebrou em novembro de 2001. A respeito da origem dos recursos para investir na Vasp, a GBDS informou, por meio de um texto, que "para demonstrar a sua capacidade de capitalização financeira para adquirir a VASP, a GBDS evidenciará no momento oportuno uma prova de fundos bancários junto ao Banco Central do Brasil, que serão constituídos por um empréstimo contratado com bancos no exterior, garantido pelas ações da GBDS". Quando perguntado sobre a nacionalidade da GBDS e a limitação da legislação brasileira para a participação do capital estrangeiro no setor aéreo, Faria disse: "A GBDS é uma empresa brasileira de capital estrangeiro". Completou ainda que a empresa fora fundada em 2002 e tinha total autonomia de gestão em relação à sua matriz. Diante de insistentes perguntas sobre a origem da GBDS e quem seriam seus donos, Faria preferiu encerrar a entrevista, dizendo que o foco da conversa era a Vasp e não a GBDS. "Somos uma empresa idônea, nossa motivação é honesta", afirmou. Em 25 de abril, um representante da GBDS procurou o Valor para dizer que Canhedo havia, finalmente, assinado um acordo para transferir o controle da Vasp. Por meio de um assessor, Canhedo negou a informação. (VA)