Título: Caged indica forte alta do emprego formal em abril
Autor: Arnaldo Galvão
Fonte: Valor Econômico, 17/05/2005, Brasil, p. A3
O saldo entre contratações e demissões, medido pelo governo em abril, foi positivo em 266.095 postos de trabalho formal, resultado 41,88% superior ao do mesmo mês no ano passado. A marca é recorde para meses de abril desde 1992, quando se iniciou a série histórica do Cadastro Geral de Emprego e Desemprego (Caged). O acumulado desse saldo nos primeiros quatro meses de 2005 foi de 558.317 empregos com carteira assinada, o que significa aumento de 4,37% sobre o primeiro quadrimestre de 2004. O saldo no acumulado do ano também é recorde para o período. Segundo os dados do Caged, divulgados ontem pelo ministro do Trabalho, Ricardo Berzoini, o setor que mais criou emprego formal em abril foi o de serviços (87.475). Em segundo lugar veio a indústria da transformação, com saldo de 79.495 postos de trabalho. O destaque ficou com o segmento de alimentos e bebidas que respondeu por 51.010 novos empregos, em abril, na indústria. Na seqüência vieram os empregos na agropecuária (44.207), comércio (33.308) e construção civil (14.532). Os números também mostraram que o interior tem sido mais dinâmico do que as regiões metropolitanas. No mês passado, o saldo de empregos no interior foi de 146.541 postos, contra 71.565 de nove regiões metropolitanas. No acumulado dos primeiros quatro meses, o resultado do saldo é de 289.827 para o interior e 186.805 para as regiões metropolitanas. Ontem Berzoini levou os números do Caged ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e decidiu divulgá-los no Palácio do Planalto. Ele afirmou que o governo espera que em 2005 sejam criados mais de 1 milhão de empregos formais. Ele também afirmou que a promessa eleitoral de 2002 (criação de 10 milhões de empregos em quatro anos) será cumprida. O ministro esclareceu que, considerando o critério ocupação, utilizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil terá no período 2003-2006 mais de 10 milhões de novos empregos. Isso porque têm de ser incluídos, além dos formais, os informais e os do funcionalismo público. O ritmo de crescimento do mercado de trabalho este ano será, na análise de Berzoini, tão forte como o do ano passado. Essa projeção tem como base a média mensal de 127 mil novos empregos obtida nos últimos 12 meses. De maio de 2004 a abril de 2005, o saldo acumulado do Caged foi de 1,546 milhão de postos de trabalho. "A atividade econômica está em um ritmo de aceleração", afirmou o ministro. O otimismo do governo é baseado no impacto positivo de exportações, importações e de vários setores internos, como, por exemplo, comércio, serviços e indústria de alimentos e bebidas. A renda interna está se recuperando. "O presidente Lula ficou positivamente surpreso. O número de abril superou as expectativas mais otimistas", revelou Berzoini. Quanto às rotineiras preocupações do ministro do Trabalho sobre as conseqüências para o emprego do real sobrevalorizado e dos juros altos, o discurso de ontem marcou uma mudança. "Sempre procuro dialogar com a realidade. Não tenho razão objetiva para achar que a política monetária está prejudicando o emprego", reconheceu Berzoini. Além dos números que surpreenderam positivamente o governo em abril, Berzoini afirmou ontem que espera um resultado muito bom também em maio e no segundo semestre. Ele espera que a construção civil tenha crescimento de atividade e também conta que os setores exportadores, o comércio e os serviços vão continuar com bom desempenho. Se o desemprego médio foi de 9,6% em 2004, o ministro do Trabalho afirmou ontem que a expectativa é a de reduzir essa taxa em um ou 1,5 ponto percentual neste ano.