Título: IBGE registra queda de 0,2% na ocupação industrial em março sobre fevereiro
Autor: Chico Santos
Fonte: Valor Econômico, 17/05/2005, Brasil, p. A3

Os indicadores do mercado de trabalho na indústria, medidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelam, no primeiro trimestre, desaceleração entre fevereiro e março, embora com crescimento na comparação com os mesmos períodos de 2004. Em março, houve queda do emprego de 0,2% sobre fevereiro, já livre de efeitos sazonais, mas um crescimento de 2,2% sobre março do ano passado, o décimo terceiro resultado positivo seguido nessa forma de comparação. De janeiro a março, houve queda de 0,1% sobre o trimestre anterior, mas aumento de 2,7% sobre o primeiro trimestre do ano passado. O valor real da folha de pagamento da indústria cresceu 1,4% de fevereiro para março, o quarto indicador positivo seguido, e acumula alta de 7,8% em relação ao valor de novembro do ano passado. Sobre março de 2004, o crescimento da folha foi de 4,5%. O total de horas pagas pelo trabalho industrial caiu 1% de fevereiro para março e cresceu 1,5% em relação a março do ano passado. "Há estabilidade no mercado de trabalho e na produção da indústria, mas em um patamar mais alto que anteriormente", disse o economista André Macedo, analista do Departamento de Indústria do IBGE. O indicador de média móvel trimestral constatou crescimento zero do emprego no trimestre encerrado em março sobre os três meses fechados em fevereiro. Quanto aos dados da folha de pagamento, Macedo ressaltou que há sempre um descompasso entre o comportamento do emprego e da remuneração. Segundo ele, os números mensais dá folha no período de dezembro do ano passado a março deste ano receberam o impacto do resultado atípico de janeiro sobre dezembro (aumento de 5,2% sobre dezembro), provocado pelo pagamento de férias, benefícios e participação nos lucros. Em dezembro, fevereiro e março, o crescimento foi modesto, de 0,3%, 0,8% e 1,4%, respectivamente, sobre os meses anteriores. Na análise do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), os números divulgados pelo IBGE revelam que "a indústria parou no primeiro trimestre deste ano", mas "pode voltar a caminhar se a política econômica permitir". Os dados do IBGE indicam também coerência com o quadro geral, que mostra um crescimento da produção sustentado pelos bens de consumo, duráveis e não-duráveis. Em março deste ano sobre março do ano passado, São Paulo (2,2%), Minas Gerais (4,9%) e o conjunto formado pelo Norte e Centro-Oeste (6%) foram os que deram as maiores contribuições para o crescimento de 2,2% no emprego industrial. Em São Paulo, o crescimento do emprego foi liderado por alimentos e bebidas (13,3%) e meios de transporte, incluindo produção de automóveis (14%). Em Minas, os meios de transporte também se destacam na geração de empregos (11,6%), juntamente com a indústria de produtos de metais (28,6%).