Título: Brasil prepara proposta para OMC
Autor: Raquel Landim
Fonte: Valor Econômico, 17/05/2005, Brasil, p. A4

O Brasil começa, esta semana, a definir a proposta para redução de tarifas agrícolas que apresentará na Organização Mundial de Comércio (OMC). Um grupo interministerial se reunirá em Brasília para definir a posição do país, que será coordenada com o G-20, grupo de países em desenvolvimento que pede o fim do protecionismo. Segundo o chefe da delegação brasileira em Genebra, Luiz Felipe Seixas Corrêa, a proposta do G-20 será apresentada aos demais países-membros da OMC no fim do mês, quando começa uma nova rodada de negociações agrícolas. "Os países têm que definir até a reunião de Hong Kong, em dezembro, que fórmulas serão usadas para cortar tarifas agrícolas e industriais", diz Seixas Corrêa, acrescentado que isso é fundamental para a conclusão da Rodada Doha. O embaixador acredita que o prazo final para a Rodada expira no primeiro semestre de 2007, com o fim da prorrogação da Trade Promotion Authority (TPA), autorização do Congresso dos Estados Unidos ao Poder Executivo para conduzir as negociações. Em bens industriais, Brasil, Argentina e Índia propuseram uma fórmula para reduzir os picos e as escaladas tarifárias. Segundo negociadores, a proposta não recebeu apoio da maioria dos países em desenvolvimento. Para Celso Lafer, ex-ministro das Relações Exteriores, Brasil, China e Índia correm o risco de ser "espremidos" entre os países ricos e os países de menor desenvolvimento relativo, que dependem das preferências tarifárias concedidas por União Européia e EUA. Foi essa aliança que elegeu o novo diretor-geral da OMC, Pascal Lamy. Para Lafer, o desafio de Lamy, que foi comissário de Comércio da UE, será se desvincular dos interesses que representou. Candidato derrotado do Brasil ao cargo de diretor-geral, Seixas Corrêa acredita que Lamy se comportará como um funcionário internacional. Seixas Corrêa participou ontem, em São Paulo, de conferência comemorativa dos dez anos da OMC, com foco no Órgão de Solução de Controvérsias. Especialistas participaram do debate, mas o encontro foi esvaziado politicamente. Estava prevista a presença dos ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, do governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, e do prefeito da cidade, José Serra. Nenhum dos três compareceu ou mandou representante. Amorim está em visita oficial a Jamaica. O subsecretário-geral de assuntos econômicos e tecnológicos do Itamaraty, Clodoaldo Hugueney Filho, também não compareceu.