Título: Ações do governo têm pouco efeito sobre competição na Coréia do Sul
Autor: Taís Fuoco
Fonte: Valor Econômico, 17/05/2005, Empresas &, p. B3

Os esforços declarados do governo para estimular a competição e criar um mercado equilibrado de telefonia móvel na Coréia do Sul deram pouco resultado até agora. A relação de forças entre as três operadoras do país permanece sem grandes oscilações, um ano e meio depois de o governo ter instituído a chamada portabilidade numérica. A adoção desse mecanismo, que dá aos coreanos a possibilidade de mudar de operadora sem precisar trocar de número de telefone, está em estudo pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), no Brasil. A SKT - primeira operadora a atuar no país - ainda controla mais da metade do mercado coreano (51,2%). Em seguida vêm a KTF, com 32,4%, e a LG Telecom, com 16,4%. Os dados, referentes à posição das empresas em abril, foram fornecidos pelo diretor de desenvolvimento de negócios da Qualcomm na Coréia, Juhan Kim. A companhia americana produz os chips para os celulares em padrão tecnológico CDMA, adotado pelo país asiático. A Coréia do Sul decidiu implantar a portabilidade em três etapas. Na primeira, só os assinantes da SKT, maior operadora, podiam migrar para outra empresa. Na segunda, foi a vez dos clientes da KTF e, por fim, dos assinantes da LG. O objetivo era evitar problemas para as empresas de menor porte. Porém, nada mudou na participação de mercado das três operadoras. Embora todas elas usem a tecnologia CDMA, cada uma atua em faixa de freqüência diferente. Isso significa que, para mudar de prestadora, os clientes precisam comprar um novo aparelho. Como os telefones não são baratos, eles hesitam em fazê-lo, avalia Kim. O preço dos celulares na Coréia fica entre US$ 330 e US$ 500 acima dos valores praticados em outros países, de acordo com o executivo. Isso porque uma das medidas polêmicas adotadas pelo governo local foi proibir a concessão de subsídios à venda de aparelhos. As companhias reclamam que o mercado coreano é o único, no mundo, onde o subsídio é considerado ilegal. No Brasil, é prática comum a todas as operadoras de celular é uma arma fundamental na disputa por novos clientes. As empresas coreanas, entretanto, acabam "burlando" a legislação e volta e meia são punidas pelo órgão regulador das telecomunicações no país. No último dia 9, a agência reguladora local distribuiu US$ 26,8 milhões em multas para as três operadoras por indícios de subsídio ilegal na venda de aparelhos. Segundo Kim, "isso (a aplicação de multas) acontece quase que a cada trimestre". Por isso, ele afirma que a medida "não faz sentido" e diz ter tomado conhecimento de que o governo da Coréia estuda abolir a proibição. Dos 48,2 milhões de habitantes da Coréia, 76,6% têm celular - índice que deve chegar a 80% neste ano. O número de linhas fixas atende a 91,6% da população e está inalterado há dez anos.