Título: Infraero terá reforço para investimento
Autor: Daniel Rittner
Fonte: Valor Econômico, 17/05/2005, Empresas &, p. B4

As tarifas de embarque nos 66 aeroportos administrados pela Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero) devem ser novamente reajustadas até o fim de junho. Em fase final de estudos técnicos, o aumento é tido como praticamente inevitável para financiar os investimentos da estatal na compra de aparelhos de segurança. Na virada do ano, as normas da Organização de Aviação Civil Internacional (OACI) serão modificadas. Caso o país não se enquadre às novas regras, poderá ser rebaixado no ranking de segurança dos aeroportos internacionais, com eventuais restrições ao transporte de mercadorias. Cálculos do governo apontam a necessidade de investir pelo menos R$ 300 milhões em equipamentos de segurança. A criação de uma taxa específica para financiar esses gastos perdeu força. A tendência é optar pelo reajuste puro e simples das tarifas de embarque cobradas dos passageiros. Em um primeiro momento, é provável que apenas taxas de vôos domésticos sejam alteradas. Elas foram corrigidas em 26% no início do ano, mas ainda acumulam grande defasagem, alega a Infraero. Em relação ao que era aplicado no começo do Plano Real, essas tarifas valem apenas 37%, quando deflacionadas pelo IPCA. Para sustentar os investimentos em ampliação e modernização dos aeroportos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou que o BNDES faça um aporte de aproximadamente R$ 400 milhões na estatal, o que elevará a participação acionária do Fundo Nacional de Desenvolvimento (FND), gerido pelo banco de fomento, a aumentar dos atuais 11,2%. O Tesouro Nacional detém o restante das ações. A Infraero precisa desse dinheiro para concretizar obras planejadas - e, em muitos casos, já iniciadas - em Vitória, Goiânia, Rio de Janeiro, Brasília, Maceió e Campinas. Uma operação financeira para abrir de 30% a 40% do capital acionária da empresa foi estudado no início do ano, mas sepultado na semana passada. O presidente Lula tomou diretamente a decisão de vetar a abertura de capital. Em recente reunião no Palácio do Planalto, com a presença de Lula, do vice-presidente e ministro da Defesa, José Alencar, do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, do secretário-executivo da Fazenda, Bernard Appy, e do presidente da Infraero, Carlos Wilson, o presidente abortou a proposta. "Não vou fazer isso. Vão dizer que estou privatizando a Infraero", descartou o presidente. Apesar da greve iniciada ontem pelos aeroportuários, a Infraero informou que os 66 aeroportos operados pela estatal não tiveram suas operações afetadas. Mas, os percentuais de funcionários paralisados divulgados pela empresa divergem das estimativas feitas pelo Sindicato Nacional dos Aeroportuários (Sina) pelo menos em dois aeroportos paulistas: Guarulhos e Viracopos. Segundo a Infraero, apenas 18% dos funcionários em Guarulhos teriam paralisado suas atividades. Informações do sindicato estimavam a adesão de 70% dos funcionários. Em Viracopos, 35% dos funcionários teriam aderido à paralisação. Segundo balanço divulgado pela assessoria de imprensa da estatal, a greve teve adesão de funcionários dos diferentes setores. (Colaborou Cristiano Romero, de Brasília)