Título: Arroz e algodão terão apoio, diz Rodrigues
Autor: Cibelle Bouças
Fonte: Valor Econômico, 17/05/2005, Agronegócios, p. B14

O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, anunciou ontem na abertura da Agrishow, em Ribeirão Preto que o governo pretende liberar "imediatamente" recursos para facilitar a comercialização de arroz e de algodão. Ele disse ainda que os R$ 100 milhões previstos para a defesa agropecuária serão totalmente liberados dentro de 60 dias. "O governo federal está consciente que os produtores de algodão e arroz vivem uma crise sem precedentes e colocará recursos imediatamente, com mecanismos convencionais", afirmou. O ministro disse que os recursos a serem liberados no curto prazo serão definidos nos "próximos dias". Ele não divulgou valores, mas a pretensão inicial do Ministério era de cerca de R$ 2 bilhões. Segundo Rodrigues, não haverá anúncios de novos recursos para alongamento de dívidas. O governo irá só usar mecanismos convencionais para minimizar perdas, como o PEP - prêmio de escoamento de produto, leilões de opções e aquisições do governo federal (AGF). O ministro garantiu ainda que o governo vai liberar recursos especiais para as cooperativas. Questionado sobre o fechamento de fronteiras no Rio Grande do Sul pelos arrozeiros, ele disse que não há solução no curto prazo para evitar as importações de arroz. "O Mercosul pressupõe um mercado livre para os países que o integram, e é muito difícil qualquer articulação diplomática, a não ser a negociação direta governo a governo, que estamos tendo", disse. Na área de defesa agropecuária, Rodrigues disse que dos R$ 100 milhões presos no contingenciamento, R$ 40 milhões já foram liberados e os R$ 60 milhões restantes serão repassados ao longo dos próximos dois meses. Ele cobrou do setor privado ações conjuntas para evitar que os agricultores arquem sozinhos com as perdas da safra. "As cadeias produtivas não podem permitir que os produtores sozinhos paguem por todos os problemas." O presidente da Câmara dos Deputados, Severino Cavalcanti (PP-PE), que esteve no Agrishow, disse que vai pressionar o ministro para que mais ações sejam realizadas para minimizar as perdas do setor agrícola. "O governo ainda não comprou os excessos de produção, e o produtor esta cansado porque o recurso ainda não chegou lá [no campo]", afirmou. O Banco do Brasil informou ontem que já começou a prorrogar dívidas no valor de R$ 2,5 bilhões a R$ 3 bilhões, referentes a financiamentos de custeio e investimentos, para os próximos três a cinco anos.