Título: Para CVM, a provisão feita já é suficiente
Autor: Raquel Balarin e Vanessa Adachi
Fonte: Valor Econômico, 17/05/2005, Finanças, p. C1

Os advogados de Walter Bandeira de Mello estão questionando os auditores do Bradesco e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) sobre a necessidade de a instituição provisionar valores suficientes para pagar a indenização e de divulgar fato relevante sobre a provisão. Mas a CVM considera que o banco já separou recursos suficientes para pagar a indenização. "De acordo com informações prestadas pelo Bradesco, a Superintendência de Relações com Empresas concluiu que o referido banco já incluiu em suas demonstrações financeiras provisão para o contingente passivo em valor suficiente, segundo o parecer de seu advogado e o parecer sem ressalvas do auditor independente", informa, em carta, Marcelo de Sampaio Marques, superintendente de proteção e orientação a investidores. Segundo ele, como a quantia não tem efeito significativo para o Bradesco, não é necessário publicar fato relevante. Em 31 de dezembro do ano passado, o Bradesco tinha provisões totais para processos judiciais de R$ 4,43 bilhões, sendo R$ 570,34 milhões apenas para ações cíveis. No caso de Bandeira de Mello, os advogados do Bradesco sugeriram à instituição provisionar R$ 1,6 milhão, segundo o Valor apurou. A KPMG, que audita o balanço do banco, e a PriceWaterhouse, responsável pelas demonstrações entregues à Securities Exchance Comission (SEC), nos EUA, informaram que não poderiam comentar o caso de seu cliente. No caso de processos judiciais, os bancos se baseiam em pareceres de seus advogados para estabelecer o valor das provisões. O advogado informa se a chance de perda é possível, provável ou remota e indica valores. Diferentemente das provisões para créditos de liquidação duvidosa, não há regra específica do Banco Central para o caso de perdas em processos judiciais. Os advogados de Bandeira de Mello pretendem questionar a SEC sobre o caso. Fontes ligadas ao Bradesco desdenham. "O que eles estão fazendo é pressionar o banco para fechar um acordo."(RB)