Título: Setor registra captação de R$ 2,7 bilhões em sete dias
Autor: Flavia Lima
Fonte: Valor Econômico, 17/05/2005, EU &, p. D2

Os fundos de investimento captaram mais de R$ 2,7 bilhões no período de sete dias encerrado em 12 de maio, recuperando-se dos saques de R$ 2,4 bilhões registrados uma semana antes. Com isso, os depósitos acumulados no ano voltam aos níveis registrados no fim de abril, quando o total captado pelo setor estava próximo de R$ 11,2 bilhões. Segundo levantamento do site Fortuna, apenas os fundos de atacado ficaram com R$ 2,1 bilhões dos recursos novos registrados na semana. Nesse segmento, as carteiras do Banco do Brasil e da Nossa Caixa voltados para empresas do setor público foram os destaques, com 66% do total captado na última semana, seguidos pelos fundos direcionados a investidores institucionais - fundos de pensão e seguradoras - e empresas, com 20% das entradas. Já as carteiras de varejo captaram um pouco mais de R$ 600 milhões. No acumulado do ano, o cenário continua difícil para os multimercados, que perdem mais de R$ 33 bilhões em recursos, até o dia 12. Parte desse volume, no entanto, se refere às mudanças de classificação de alguns desses fundos para a renda fixa. Prova disso é que a renda fixa acumula depósitos de mais de R$ 29 bilhões no ano. Em termos de rentabilidade, os fundos de ações voltaram a perder. Após uma trégua na semana anterior - período em que os fundos de ações subiram em média 2,4%, ante alta de 4% do Índice Ibovespa - a renda variável volta a ser castigada pela queda superior a 5% do Ibovespa na última semana. No período, os fundos de ações perderam em média 3,8%. Entre as carteiras de privatização, a queda média foi de 2,6%, puxada pelos fundos da Vale do Rio Doce, que perderam 5,8%. Já os fundos Petrobras tiveram leve alta de 0,14%. Ontem, após cinco pregões consecutivos em queda, o Ibovespa fechou em alta de 2,06%, aos 24.378 pontos. A expectativa de que o ritmo de crescimento econômico global não se mantenha tão forte quanto o esperado, porém, deve fazer com que a turbulência continue, diz o gestor de renda variável da BES Ativos Financeiros, Eduardo Bopp. Segundo ele, o momento não é de ganhos generalizados em bolsa, mas de escolha seletiva de papéis. "A Petrobras é um exemplo de empresa com uma relação entre risco e retorno excelente", diz Bopp, para quem o papel tem fôlego para uma valorização de cerca de 50%. Ontem, as ações ON da empresa encerraram o dia em alta de 1,43%, cotadas a R$ 105,80 por papel. No ano, a renda fixa apresenta os melhores desempenhos do setor de fundos. Nenhuma categoria consegue superar o CDI, que acumula variação de 6,32% no período. As carteiras prefixadas ficam mais perto do referencial, com rentabilidade de 6,10%, seguidos pelos DIs (que investem em títulos públicos pós-fixados), com rendimento de 6,09%. Na outra ponta, os fundos de ações perdem 7,21%, ante queda de 7,94% do Ibovespa. Outro segmento que não vai bem é o dos cambiais, com desvalorização de 6,62% em 2005, ante queda de 7,14% do dólar. Bopp ressalta a concorrência desleal dos juros altos com os investimentos em bolsa. "O retorno da renda fixa é elevado e o risco é inferior ao de bolsa", diz. Hoje, os juros básicos estão em 19,5% ao ano e uma parte dos analistas acredita que há espaço para mais uma alta de 0,25 ponto percentual na próxima reunião do Copom, que se encerra na quarta-feira. Entre as instituições com as maiores captações líquidas do ano, o Banco do Brasil é destaque, com quase R$ 9 bilhões em recursos novos, seguido pela Caixa Econômica Federal (CEF) - com R$ 2,3 bilhões em entradas - e pelo Unibanco, com captação de R$ 1,7 bilhão.