Título: Furlan quer apresentar novos incentivos aos investidores
Autor: Cristiano Romero
Fonte: Valor Econômico, 18/05/2005, Brasil, p. A3

O ministro Furlan gostaria de chegar a Seul e a Tóquio com a "MP do Bem", como ele designou ontem o pacote de medidas tributárias destinadas a estimular investimentos voltados para exportações, já em vigor. Ele teme que a inexistência dos incentivos coloque o Brasil em desvantagem em relação a competidores internacionais - a China e a Índia adotaram recentemente medidas dessa natureza. Há rumores de que a empresa coreana Posco, que vinha negociando participação, com a Vale do Rio Doce, em investimento no setor siderúrgico no Maranhão, teria desistido do negócio porque a Índia ofereceu benefícios fiscais. Furlan informou que o assunto será tratado na viagem. "Temos hoje pelo menos três setores atraentes - siderurgia, papel e celulose e etanol - para investimentos. São projetos majoritariamente voltados para as exportações", disse o ministro. Segundo Furlan, ele, o presidente Lula e o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, vão debater amanhã, mais uma vez, a adoção das medidas tributárias, que, de acordo com ele, "estão sendo mastigadas há pelo menos 60 dias". A principal delas é a suspensão, por cinco anos, da cobrança de Cofins, PIS e IPI na compra de bens de capital (máquinas e equipamentos). O ministro acredita que as medidas só sairão dentro de semanas, mas ele espera uma sinalização positiva agora. "A suspensão (dos impostos) é para que haja uma menor necessidade de capital na largada do investimento", explicou. As visitas do presidente Lula à Coréia do Sul e ao Japão serão recheadas de encontros com empresários e seminários para atração de investimentos. A exemplo do que fez na Europa e nos EUA, o presidente participará dos seminários empresariais e de dois cafés da manhã com os presidentes das 15 maiores empresas dos dois países asiáticos. Nesses encontros, Lula desempenhará um dos papéis que mais aprecia no exercício da presidência: o de mascate do Brasil. Na Coréia, onde o presidente iniciará a viagem, haverá um seminário para atração de investimentos, com a participação estimada de 490 empresários (dos quais, 190 brasileiros), e a realização de "workshops" para os setores de alimento processado e tecnologia da informação (TI). No Japão, haverá seminário idêntico, para o qual se espera a presença de 542 empresários (242 brasileiros), e encontros nas áreas de etanol, turismo e TI. Lula e seus ministros falarão das oportunidades com as Parcerias Público-Privadas (PPPs). Na Coréia, país que compra apenas 1,5% das exportações brasileiras, o objetivo da viagem é abrir mercado. O presidente da Agência de Promoção das Exportações (Apex), Juan Quirós, informou ao Valor que a agência fechou ontem contrato com empresa de consultoria para estudar o mercado coreano e saber que produtos o Brasil pode vender àquele país. Assim como acontece com o Japão, a Coréia compra, em sua maioria, produtos básicos do Brasil e exporta manufaturados de alto valor agregado para o mercado brasileiro. "A consultoria vai identificar os concorrentes, os preços médios, o volume de compras, as barreiras tarifárias e não-tarifárias, a distribuição e a logística e, com isso, informar ao setor privado as oportunidades existentes na Coréia", informou Quirós. (CR)