Título: Lessa critica Palocci, Furlan e Ambev e nega denúncia de corrupção a presidente
Autor: Sergio Leo
Fonte: Valor Econômico, 18/05/2005, Política, p. A6

O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, é um grande político que não entende nada de economia pensa como médico e, por isso, acredita que tem de fazer o país sofrer para chegar à cura, definiu o ex-presidente do BNDES, Carlos Lessa, ao criticar a política econômica, após depor na Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara. Ele foi convidado para falar das privatizações e da declaração feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de que teria recebido denúncias sobre o risco de falência de uma importante instituição oficial, devido à corrupção encontrada pelo novo governo. Lessa garantiu que só denunciou, a Lula, o "desvirtuamento" do BNDES como banco de desenvolvimento. Lessa lamentou ter perdido a amizade do antecessor no BNDES, Francisco Gros, mas repetiu ter encontrado, ao chegar no BNDES, operações "tecnicamente muito mal feitas" . Disse não poder confirmar a cifra mencionada pelo deputado Alexandre Cardoso (PSB-RJ), que calcula em R$ 500 milhões as operações do BNDES com problemas, sob análise jurídica do banco. "Vetei algumas que achei precárias, e, certamente, gerei mal-estar". Embora garantisse nunca ter sofrido pressões para aprovar qualquer operação, ele se queixou do ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, por ter reclamado da "lentidão" na análise de projetos. "Como ministro, ele não poderia acusar o BNDES de ineficiente; todo empresário que eu estava travando passou a dizer que o banco era lento", criticou. À vontade, o economista defendeu maior atenção para a malha ferroviária do país, lamentou a falência do frigorífico Chapecó, pelos efeitos negativos que poderá trazer à região Sul, defendeu o socorro à Varig, que classificou de "estratégica", e atacou a venda de ações da Ambev para a belga Interbrew. "Os donos da Ambev viraram milionários belgas, com dividendos em euro, e o país não ganhou nada", acusou. "Bebo até Schincariol, mas não tomo mais Brahma", emendou, irônico.