Título: Demanda aquecida para equipamentos
Autor: Talita Moreira, Ricardo Cesar e João Luiz Rosa
Fonte: Valor Econômico, 18/05/2005, Empresas &, p. B3

Embora a adoção da telefonia IP ainda seja incipiente entre as empresas - o que em geral significa projetos pequenos e orçamentos baixos - a tecnologia já concentra boa parte da atenção e dos esforços comerciais dos fornecedores de infra-estrutura de rede que atuam no Brasil. "É um momento crucial" , diz Márcio Mattos, presidente da Avaya, de origem americana. A questão é quem vai ganhar as primeiras concorrências. "O vencedor de um pequeno contrato provavelmente se tornará o fornecedor padrão da companhia licitante nos próximos dez anos". Os negócios com IP têm crescido rapidamente. Entre janeiro e abril, a 3Com, outra multinacional americana, recebeu um número de propostas maior que o do segundo semestre de 2004. "O volume de negócios fechados também foi maior, mas não explodiu", diz Marcelo Rosalen, gerente de contas para o mercado de voz. A subsidiária brasileira da Cisco Systems, também dos EUA, afirma que dobrou as vendas de telefonia IP anualmente nos últimos dois anos. Cerca de 10% do faturamento da empresa na América Latina já vem do sistema - mundialmente, o número fica em torno de 15%. Para 2005, as previsões são ainda mais otimistas. "Estamos no meio do ano fiscal e já vendemos 25% a mais em telefonia IP no Brasil do que em todo o ano fiscal anterior", afirma Luiz Carlos Rego, diretor de mercado corporativo da Cisco. O mercado de equipamentos de telefonia privada (em empresas) movimentou US$ 97 milhões no Brasil em 2004, segundo a consultoria IDC. Cerca de 8% a 10% - algo próximo a US$ 10 milhões anualmente - envolve tecnologia IP. "É um mercado que ainda movimenta volumes pequenos, mas que cresce rapidamente", diz Rego. Ainda segundo a IDC, até 2007 cerca de 70% dos PABX comercializados no Brasil utilizarão o sistema. Um dos entraves à disseminação mais rápida da tecnologia é o preço dos equipamentos. "Os olhos dos clientes até brilham quando ouvem falar de telefonia IP, mas quando ele compara a proposta com os preços de um PABX tradicional, muitas vezes muda de idéia", conta Rosalen. Mesmo o custo dos aparelhos que ficam na mesa do usuário pode ser bem mais alto. Enquanto um aparelho comum, analógico, é encontrado a R$ 20 nos supermercados, um aparelho IP custa de US$ 100 a US$ 1,2 mil, compara o executivo da 3Com. "Dependendo do caso, a diferença de preço é de quase dez vezes". É por isso que boa parte das oportunidades tem surgido em situações nas quais o cliente se vê obrigado a modernizar sua infra-estrutura. É o caso de companhias que estão mudando de prédio ou construindo outra unidade. "Temos clientes nessas situações que teriam de pagar o dobro para instalar a infra-estrutura tradicional", diz Rosalen. "Todo mundo que monta um escritório ou prédio novo é forte candidato a adotar telefonia IP", afirma Rego, da Cisco. "Na hora de trocar o PABX, no mínimo a empresa estuda a nova tecnologia". Na prática, a disseminação do IP vai depender do perfil de uso do cliente. Se o objetivo é só fazer chamadas de voz, o investimento pode não se justificar, reconhecem os fornecedores. As funções adicionais do sistema, oferecidas sem custo pela tecnologia, é que fazem a diferença. "Na telefonia comum, todas as funções são consideradas adicionais e custam caro", diz Rosalen. "Comprando uma central IP, as funções básicas, como correio de voz, vão de brinde". (JLR, RC e TM)