Título: Petroquisa ficará com parte do BNDES na Riopol
Autor: Chico Santos
Fonte: Valor Econômico, 18/05/2005, Empresas &, p. B

A Petrobras manifestou ontem publicamente o interesse em comprar a participação de 16,7% detida pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no capital da Rio Polímeros (Riopol), central do pólo gás-químico do Rio de Janeiro que será inaugurada no dia 23 de junho. A estatal, que já detém na Riopol a mesma participação que o BNDES, ficaria com um terço do capital da empresa, passando a dividir o controle em partes iguais com os grupos Suzano e Unipar. Segundo o Valor apurou, o banco estatal de fomento aceita estudar uma proposta da Petrobras. A Riopol é a primeira petroquímica à base de gás do Brasil. Construída com uma concepção integrada, ela fabricará ao mesmo tempo a primeira geração de petroquímicos (eteno) e a segunda, no caso específico, polietileno. A produção será de, respectivamente, 520 mil toneladas e 540 mil toneladas por ano. O investimento, ainda não totalmente concluído, está sendo de US$ 1,08 bilhão, o que significa que a participação do BNDES, sem contar com qualquer valorização que o projeto já tenha incorporado, está valendo aproximadamente US$ 180 milhões. Para a Petrobras, a unificação das duas participações estatais no projeto pode significar um passo decisivo para consolidação da sua presença no chamado pólo petroquímico do Sudeste, formado pelas unidades petroquímicas do Rio de Janeiro e de São Paulo. A estatal detém 17% do capital da Petroquímica União (PQU), em São Paulo, e assinou recentemente contrato de fornecimento de gás à petroquímica paulista, controlada pelo grupo Unipar, permitindo que ela aumente em 200 mil toneladas/ano sua produção de eteno. Além disso, a estatal tem acordo firmado com a Braskem para a construção de uma unidade de polipropileno em Paulínia. A consolidação final da petrolífera na petroquímica da região Sudeste virá com a construção, prevista para ocorrer até 2010, da Unidade Petroquímica Básica de óleo pesado, no Rio de Janeiro, em parceria, por enquanto, com o grupo Ultra e com o próprio BNDES. Segundo Patrick Horback Fairon, diretor da Petroquisa (braço petroquímico da Petrobras), a idéia da compra da participação do BNDES na Riopol atende aos interesses de ambas as partes, permitindo que a estatal consolide sua presença no pólo fluminense em um patamar que ela considera mais adequado ao compartilhamento do controle e capitalizando o banco para que ele possa fazer novos empréstimos, inclusive à própria Petrobras. Fairon disse que a nova estratégia da Petrobras para o setor petroquímico é a de manter-se minoritária, mas com participação relevante que lhe assegure poder de decisão através de presença efetiva no bloco de controle da empresa. (CS)