Título: Petrobras faz projeto para o setor de fertilizantes
Autor: Chico Santos
Fonte: Valor Econômico, 18/05/2005, Empresas &, p. B

A Petrobras planeja construir uma nova planta de nitrogenados (matéria-prima para fabricação de fertilizantes propriamente dito), com investimentos de US$ 700 milhões, provavelmente na região Sudeste. O plano é iniciar a operação em 2013. Segundo o gerente de abastecimento corporativo da estatal, Paulo Maurício Cavalcanti Gonçalves, somada a outra unidade já definida pela empresa para o Centro-Oeste, no mesmo valor, a nova fábrica tornaria o Brasil auto-suficiente em fertilizantes à base de nitrogênio. Hoje, a Petrobras já possui duas plantas, uma na Bahia e outra em Sergipe, conhecidas como Fafen. De acordo com Gonçalves, o Brasil tem dependência externa de 50% na área de fertilizantes nitrogenados, como uréia e amônia, e de 100% na área de fosfatados (super-fosfato triplo e outros). Nesta última área, segundo ele, o que existe no país são misturadoras. Gonçalves disse ao Valor que a estatal está também interessada em investir na produção de insumos fosfatados, mas não tem ainda um projeto pronto que possa ser anunciado. A planta do Centro-Oeste, que ainda não tem local preciso, deverá ficar pronta até 2010, atendendo à principal fronteira agrícola do país. De acordo com Gonçalves, a região Sudeste possui também áreas agrícolas importantes, como o Estado de Minas Gerais, justificando também receber uma fábrica de nitrogenados. Ambas as unidades serão alimentadas a gás natural. O diretor da Petrobras não informou a capacidade de produção da nova unidade, dizendo apenas que tanto ela como a do Centro-Oeste deverão consumir dois milhões de metros cúbicos por dia de gás natural. As duas fábricas do Nordeste produzem por ano 900 mil toneladas de amônia, 1,1 milhão de toneladas de uréia, 36 mil toneladas de ácido sulfúrico e 150 mil toneladas de gás carbônico. Gonçalves afirmou que considera inconcebível que um país com a produção agrícola do Brasil e com o potencial de expansão no setor de que dispõe possa ser tão dependente de importações de fertilizantes como é hoje. A investida da Petrobras na área de fertilizantes, a exemplo do que ela vem fazendo na petroquímica, representa a retomada, em bases mais profundas, da ação da estatal em um setor no qual ela era até a primeira metade dos anos 90 a maior investidora do país, por intermédio da subsidiária Petrofértil. Entre os anos de 1992 e de 1994, o Estado brasileiro arrecadou US$ 418,2 milhões (total de US$ 493,5 milhões com as dívidas transferidas) ao desfazer-se das participações da Petrofértil nas empresas Indag, Fosfértil, Goiasfértil, Ultrafértil e Arafértil. Com as vendas de 27 participações no setor petroquímico, entre 1992 e 1996, foram arrecadados US$ 2,7 bilhões (total de US$ 3,701 bilhões ao somar as dívidas transferidas).