Título: Bancos de varejo reabrem carteiras
Autor: Flavia Lima
Fonte: Valor Econômico, 18/05/2005, EU &, p. D1

O sucesso dos fundos formados exclusivamente por ações da Vale do Rio Doce e da Petrobras tem atraído um número maior de investidores, que não parecem assustados com a volatilidade da bolsa. A pedido de seus clientes, grandes bancos reabriram recentemente para captação seus fundos formados por recursos livres (não provenientes do FGTS), lançados nas ofertas públicas de ações das duas empresas. No Banco do Brasil, os fundos de ações da Vale captaram R$ 22 milhões desde março, quando voltaram a receber recursos, para um patrimônio total de R$ 69 milhões. Já os depósitos nas carteiras da Petrobras somaram R$ 13,5 milhões em igual período, para um volume total de R$ 25 milhões. Tudo isso, sem a menor divulgação por parte do banco. Segundo Rubens Monteiro, do BB, a central de atendimento do banco recebia muitas ligações de clientes que pediam para reabrir as carteiras. Em resposta, duas assembléias foram feitas em dezembro, que decidiram pela reabertura. Monteiro explica que como as ações tiveram desconto nas ofertas públicas, os gestores tiveram de manter as carteiras que receberam recursos livres fechadas por um ano - a contar de agosto de 2000 no caso dos fundos Petrobras e de março de 2002 no caso de Vale. Na Caixa, diz Antonio Delmar do Nascimento, os saques feitos nesses fundos são lineares e independem do desempenho da bolsa. Segundo ele, o fundo Petrobras foi reaberto logo após o fim do período de carência, em agosto de 2001, mas a carteira da Vale voltou a receber recursos somente no ano passado. Em 2005, o FIA Petrobras capta R$ 20 milhões até o dia 11 de maio, para um patrimônio de R$ 186 milhões, enquanto a carteira da Vale recebe R$ 50 milhões, para um volume de R$ 257 milhões. O Unibanco não conta com FIAs Petrobras e Vale abertos, mas mantém em carteira o Classe Mundial, um fundo que tem como principais apostas as ações. Pedro Bastos, da Unibanco Asset Management (UAM), acredita que a China vai continuar importadora de minério de ferro por um bom tempo porque o produto que tem é de baixa qualidade, favorecendo o desempenho da Vale. Monteiro diz ainda que o bom desempenho dos fundos de privatização facilita novas ofertas no mesmo formato. O gerente ressalta, no entanto, que o governo tem se mostrado bastante cauteloso em mexer nos recursos do FGTS, o que vê como extremamente saudável. "Outra operação desse tipo, só com segurança para preservar o dinheiro dos cotistas do fundo de garantia", diz. Após a operação envolvendo as ações da Vale do Rio Doce, o Banco do Brasil ensaiou uma oferta nesses termos, que acabou cancelada. (FL)