Título: Para Alckmin, rejeição de Moraes foi "mesquinha"
Autor: Juliano Basile e Henrique Gomes Batista
Fonte: Valor Econômico, 20/05/2005, Política, p. A9

O governador Geraldo Alckmin (PSDB) disse ontem que a rejeição pela Câmara do nome do seu ex-secretário de Justiça, Alexandre Moraes, para o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) foi uma derrota parcial. "O Conselho Nacional de Justiça tem um representante na Câmara e no Senado. O que aconteceu foi uma coisa pequena, baixa, mesquinha", disse. "Foi um episódio ruim, uma coisa grave, um acordo não-cumprido. Foi o representante da Câmara que não foi aprovado. Isso vai criar até uma crise institucional", afirmou o governador, em Ribeirão Preto (a 314 quilômetros de São Paulo), onde participou da feira de agronegócios Agrishow. Alexandre de Moraes era secretário estadual da Justiça e presidente da Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor (Febem), cargos que abandonou na expectativa de integrar o conselho, órgão de controle externo do Poder Judiciário. Sua indicação foi aprovada na Câmara, mas rejeitada pelo Senado. PFL e PSDB acusaram petistas de descumprir acordo parlamentar. O governador também voltou a criticar o aumento da taxa básica de juros para 19,75% ao ano, dizendo que a decisão do Copom traz conseqüências ruins para a economia, com atração de dólares, sobrevalorização do real e aumento da dívida pública indexada à Selic. "Para atingir meta de inflação só estamos otimizando apenas um parâmetro, que é política de juros. Isso não é fazer política, é ligar no piloto automático", afirmou Alckmin. O governador defendeu a redução da carga tributária do setor produtivo combinado com a redução do gasto público para manter o nível de receita pública. "É preciso ter eficiência no gasto público. Se tiver mais eficiência no gasto público, consegue reduzir a carga tributária, desonerando o setor produtivo sem aumentar a inflação", afirmou. Questionado sobre sua candidatura no partido para disputar a eleição presidencial em 2006, não quis falar sobre o assunto. Disse que na segunda-feira assina o decreto que reduz a alíquota de ICMS sobre a farinha de trigo de 7% para zero e entrega à Assembléia projeto de lei que reduz o ICMS sobre pão, macarrão e bolachas também de 7% para 0%. Anunciou ainda que está dando andamento a um projeto de construção de 41 novas unidades da Febem. A visita de Alckmin acabou se tornando um ato político. "Governador, continue com seu jeito, continue com sua simplicidade. Comece a andar pelo Brasil que 2006 está chegando aí e nós vamos voltar ao governo deste país", disse o deputado federal Xico Graziano (PSDB-SP). "Os brasileiros estão sedentos de líderes que sejam sóbrios, que não façam demagogia, que não façam populismo fútil ", disse o prefeito anfitrião, Welson Gasparini (PSDB).(Com agências noticiosas)