Título: Eficiência operacional é desafio para bancos
Autor: Maria Christina Carvalho
Fonte: Valor Econômico, 18/10/2004, Finanças, p. C-1

Os bancos brasileiros têm um retorno elevado, mas podem ganhar ainda mais se aumentarem a eficiência. A constatação é da consultoria McKinsey, que fez um estudo com 89 bancos do hemisfério Norte e Austrália para identificar os líderes internacionais e comparar seu desempenho com a performance dos principais bancos de varejo brasileiros. A rentabilidade sobre o patrimônio ponderado dos dez maiores bancos brasileiros foi de 20,7% em média, no período de 2001 a 2003. No Reino Unido, os dez maiores bancos tiveram um retorno de 18,8%; na Espanha, de 16,3%; e, nos Estados Unidos, de 15,8%. Pelo menos seis grandes bancos brasileiros tiveram retorno bem superior à média. É o caso do Itaú, que teve uma rentabilidade média de 28,1% no período de 2001 a 2003. A Caixa Econômica Federal também, com 25,7%; o Santander Banespa, com 22,4%; e a Nossa Caixa, com 22,4%.

Mas, os bancos internacionais têm um índice de eficiência melhor. Quanto menor, melhor é o índice de eficiência, pois ele indica quanto os custos representam das receita. A análise da McKinsey, baseada em dados do Bankscope, apurou que os bancos espanhóis têm um índice médio de eficiência de 53,6%, melhor que os 57,7% dos americanos, e muito melhor do que os 65,5% do Brasil (considerando a média dos dez maiores). Não é por outro motivo que os custos administrativos são o item de maior peso no spread bancário, conforme estudo recentemente realizado por pesquisadores do Banco Central (BC). O custo administrativo responde por 29,36% do spread; seguido pela inadimplência, com 27,63%; margem dos bancos, 23,41%; cunha tributária, 11,18%; e compulsório, com 8,18%. Dos grandes bancos brasileiros de varejo, o Itaú está melhor do que a média, com um índice de eficiência de 58,3% em 2003, revelando avanço significativo em comparação com os 64,1% de 2001. O Banco do Brasil também mostrou uma evolução mais importante ainda, diminuindo a relação custos/receitas de 83,5% em 2001 para 66,1% no ano passado mas, ainda assim, o indicador está longe do desejável. No caso do Bradesco, o índice até cresceu, de 64,1% para 65,8% entre os dois anos analisados, basicamente por causa das aquisições. E, no do Unibanco, também ativo nas compras, o índice pouco mudou de 67,5% em 2001 para 66,7% no ano passado. O sócio da McKinsey, Marcos Fernandes, disse a uma platéia de bancos no recente Congresso Internacional de Serviços Bancários (CISB) que o retorno do setor financeiro tem sido expressivo no Brasil por causa dos juros e spreads elevados, além da capacidade de "condução eficaz das parcerias, marketing e segmentação, automação e uso de canais eletrônicos". Em 2000, com 500 mil empregados, os bancos brasileiros administravam 55,8 milhões de contas correntes; no ano passado, o número de funcionários caiu para 478 milhões e o de contas, subiu para 71,5 milhões. Pesados investimentos em automação viabilizaram esse ganho. Enquanto gigantes como o Citigroup investe 7% das receitas em tecnologia da informação e o Bank of America 10%, o Bradesco aplicou 13,7% em média, entre 2000 e 2002; o BB, 12,6%; o Itaú, 9,8%; e o Unibanco, 8,5%, calculou a McKinsey. No entanto, a consultoria alerta para a necessidade de avançar no processo para ser mais eficiente. As sugestões apresentadas aos bancos incluem a otimização da rede de agências e da retaguarda e a gestão rigorosa da tecnologia da inflação. "As alternativas de crescer com aquisições estão diminuindo. Será necessário ir para a baixa renda. E, para tornar lucrativo o cliente de baixa renda, será preciso ter um custo menor", disse Fernandes.