Título: Confinamento de gado bovino avança no país, mostra pesquisa
Autor: Alda do Amaral Rocha
Fonte: Valor Econômico, 20/05/2005, Agronegócios, p. B13

O avanço da pecuária bovina brasileira nos últimos anos estimula os investimentos em confinamento de gado no Brasil. Em 2004, segundo levantamento da Agripoint Consultoria com os 50 maiores confinamentos do país, o número de animais sob esse sistema de engorda cresceu 26,95% em relação ao ano anterior, atingindo 666.065 cabeças. E a expectativa é de novo crescimento significativo este ano, diz Miguel da Rocha Cavalcanti, sócio-diretor da Agripoint e coordenador da pesquisa. "Considerando os mesmos 50 confinamentos, a expectativa é atingir 870 mil animais este ano", afirma Cavalcanti. Ele explica que o confinamento possibilita ganho de competitividade para o pecuarista por isso tem crescido ano a ano. Também permite um melhor gerenciamento da atividade, através, por exemplo, do uso de instrumentos como hedge no mercado futuro de boi. A pesquisa mostrou que as principais vantagens do confinamento apontadas foram: maior capital de giro (74%), descanso das pastagens (66%), otimização da área da propriedade (64%), redução de idade de abate (48%), alto ganho de peso (38%), melhor qualidade de carne (32%), melhor valor da arroba (12%), proximidade com frigoríficos (10%) e proximidade com fornecedores de insumos (8%). Entre as desvantagens apontadas a mais lembrada (60%) é a não-diferenciação do preço por qualidade. A seguir vem o alto custo de produção, com 40%. O levantamento revelou ainda uma maior concentração de confinamentos em São Paulo (34%) e em Goiás (24%). Dois outros importantes produtores de gado, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, ficaram com 18% e 8%, respectivamente. Segundo Cavalcanti, São Paulo está à frente devido aos melhores preços do boi e à possibilidade de adquirir insumos com custos mais competitivos. A competitividade dos preços também é um atrativo em Goiás. Mas Cavalcanti observa que há novos projetos grandes em curso no Mato Grosso do Sul, por exemplo. A pesquisa mostra ainda que o maior confinamento do país - Fazenda Mirante - está em Goiás, com 70 mil animais. Também em Goiás está o segundo maior empreendimento, com 60 mil animais, que pertence ao frigorífico Bertin. Em terceiro vem o confinamento Córrego Azul, no Mato Grosso do Sul, com 33 mil cabeças de gado. Outro indicador da pesquisa é que a maior parte dos confinamentos (48%) fez engorda de animais de terceiros em 2004, os chamados boitéis. Em 2003, eram 42%. Apesar de ser mais comum na entressafra, também há empreendimentos que fazem confinamento o ano todo. Foram sete em 2004, segundo a pesquisa. Os principais meses de início de confinamento, porém, são abril, maio e junho. Durante o período de confinamento - média de 89 dias - , o volumoso mais usado foi silagem de milho, presente em 58% dos confinamentos, mostrou a pesquisa. A silagem de sorgo é utilizada em 44% dos confinamentos; a de capim, em 36%; a de cana-de-açúcar em 24% dos confinamentos. A pesquisa mostrou ainda que em 2004 a maioria dos 50 confinamentos vendeu a produção a frigoríficos exportadores, como Friboi (28%), Marfrig (28%), Bertin (22%) , Minerva (14%), Mata Boi (6%), Independência, Margen e Mondelli (4% cada).