Título: Senado rejeita candidato de Alckmin ao CNJ
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Fonte: Valor Econômico, 19/05/2005, Política, p. A5
Em um lance que teve como pano de fundo a disputa pelo governo de São Paulo, o Senado rejeitou ontem o advogado Alexandre Moraes para integrar o Conselho Nacional de Justiça. Havia acordo entre os líderes para a aprovação do nome do secretário de Justiça do governador Geraldo Alckmin, mas o senador Aloizio Mercadante (PT-SP), líder do governo, auxiliado pelo líder do PMDB, Ney Suassuna (PB), manobrou pela rejeição, surpreendendo a oposição. Foi um troco também do Planalto. Na votação da Câmara, o nome indicado pelo governo federal, o do secretário especial de Reforma do Judiciário do Ministério da Justiça, Sérgio Renault, fora derrotado por Alexandre. Na época, havia um acordo do governo com Severino Cavalcanti (PP-PE), que não o cumpriu e preferiu apoiar o candidato de Alckmin. A atuação de Mercadante provocou críticas inclusive no PT, embora fosse visível a satisfação dos petistas com a reação furiosa de PSDB e PFL. O líder do PSDB, Arthur Virgílio, disse que o ocorrido "corresponde a uma mesquinharia de candidato pequeno ao governo de São Paulo". Insinuou também que o governo estivesse querendo fazer uma troca - o nome de Moraes pela CPI mista da corrupção nos Correios. "A CPI é irreversível. Não fazemos acordo com chantagista de paletó". O PFL foi no mesmo tom: "Não vamos aceitar essa canalhice". Antes de Mercadante falar, o senador José Sarney (PMDB-AP) sugeriu que a votação fosse repetida, de vez que havia vários senadores ausentes. Na realidade, com 57 votos, foi a segunda votação de maior quórum do dia. Alexandre Moraes recebeu 39 votos favoráveis. Para ter o nome aprovado, precisaria de 41. Houve 16 votos contra e duas abstenções. Ao falar, Mercadante praticamente reconheceu que havia atuado nos bastidores, ao lembrar as recentes derrotas de indicações do governo, como a do engenheiro José Fantine, para a Agência Nacional de Petróleo, e do próprio Renault, na Câmara. Surpreendentemente, o líder de Lula concordou com a proposta de Sarney pela repetição da votação. Segundo petistas que acompanharam a articulação de bastidores, Mercadante compreendeu a extensão do problema em que se envolvera: ficará difícil os outros líderes fazerem acordo com ele a partir de agora. Além disso, terá contra si boa parte da Justiça paulista. O senador Jefferson Peres (PDT-AM) comandou a recusa do acordo. O nome de Alexandre Moraes, contudo, ainda pode ser indicado ao Conselho, basta apenas ser reapresentado pela Câmara ou, em última análise, proposto pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, Nelson Jobim. "De qualquer forma foram criadas duas crises: uma entre o governo e a oposição e outra entre a Câmara e o Senado", afirmou o líder do PFL, José Agripino (RN). (RC e HGB)