Título: Confederações mobilizam-se contra reforma sindical
Autor: César Felício
Fonte: Valor Econômico, 19/05/2005, Política, p. A6

As confederações e as pequenas centrais sindicais, que perderão importância política e recursos caso a reforma sindical enviada pelo governo com apoio das grandes centrais seja aprovada, começaram a se mobilizar para tentar barrar a proposta. A Confederação Nacional dos Trabalhadores do Comércio (CNTC) reuniu ontem 22 entidades em Brasília para um ato contra as mudanças. As entidades defendem um projeto do deputado federal Sérgio Miranda (PCdoB-MG), que permite que o meio sindical se auto-regulamente. Segundo afirmou por meio da assessoria de imprensa o presidente da CNTC, Antonio Alves de Almeida, "o Ministério do Trabalho não se conforma com a liberdade que a Constituição oferece às entidades sindicais, ao proibir o Estado de interferir no sindicalismo brasileiro", disse Almeida, que afirmou contar com o apoio do senador Paulo Paim (PT-RS). Entre as entidades presentes, estavam a CNTI (Indústria), CNTT (Transportes Terrestres), CONTTMAF (transportes por mar, ar e ferrovias), Contec (crédito), Contcop (mídia), CNTEEC (educação). Todas estas confederações terão sua importância reduzida a zero com o reconhecimento das centrais sindicais, a organização de sindicatos por ramo de atividade, e não por categoria econômica profissional e o fim do imposto sindical. As centrais presentes eram a Confederação Geral dos Trabalhadores (CGT), a CGTB (Trabalhadores do Brasil), a Central Autônoma dos Trabalhadores (CAT), a União Sindical Independente (USI), a União Nacional Sindical e a Coordenação Confederativa de Trabalhadores. Estão ameaçadas pelas regras de representatividade que favorecem a CUT e a Força Sindical, que reúnem 83% dos sindicatos no país. Em Belo Horizonte, o presidente da CUT, Luiz Marinho, se reuniu com sindicalistas para explicar o recuo da entidade em relação à defesa da pluralidade sindical, um dos pontos da reforma. "O fim da unicidade encontra resistência no Congresso, e não iria passar, ameaçando todo projeto", disse. Marinho enumerou como avanços da proposta os pontos mais combatidos pelas confederações. "Com a aprovação do projeto, os Sindicatos deixam de ser por categoria e passam a ser por ramo de atividade. Por exemplo, os Sindicatos de bancários passarão a representar não só os bancários, mas todos os envolvidos no ramo financeiro", exemplificou, segundo informou a assessoria de imprensa. É algo que tiraria a razão de ser da Contec.