Título: BC intensifica ainda mais a compra de dólares
Autor: olin Barraclough
Fonte: Valor Econômico, 19/05/2005, Especial, p. A10

As fortes compras de dólares realizadas nos últimos dias pelo Banco Central da Argentina indicam que a instituição está atuando como o principal instrumento do governo para manter o peso desvalorizado. Na segunda-feira, a entidade monetária comprou US$ 101,5 milhões no mercado, sua maior intervenção em quase dois anos, e ontem as compras chegaram a US$ 99,5 milhões. Mesmo com a intensa participação do Banco Central, o dólar encerrou o dia estável, cotado a 2,88 pesos. O aumento do volume de intervenção no mercado representa um contraste em relação à política praticada até o mês passado, quando o BC moderou suas compras para não aumentar a oferta monetária e estimular a inflação. Em abril, a média de compra diária chegou a US$ 23,5 milhões, enquanto que neste mês a cifra é de cerca de US$ 70 milhões. Agora, a estratégia oficial tem sido manter as compras para segurar o câmbio e reforçar as reservas, atualmente em US$ 22 bilhões. Para evitar que essa política possa gerar inflação, o banco está ao mesmo tempo absorvendo pesos por meio da emissão de letras do Banco Central argentino, as chamadas Lebac. Anteontem o BC realizou uma licitação recorde de títulos, rolando papéis que venciam ontem, no valor de 1,397 bilhão de pesos, emitindo 501 milhões de pesos em títulos novos. A necessidade de absorver pesos vem se refletindo em um aumento das taxas de juros. No final do ano passado as Lebac pagavam uma taxa de 2,8% anual para um prazo de 30 dias. Hoje, os títulos rendem cerca de 5%.