Título: Varig deve concluir acordo com a TAP em três semanas, afirma Zylbersztajn
Autor: Daniel Rittner
Fonte: Valor Econômico, 19/05/2005, Empresas &, p. B2

As negociações para a venda de 20% do capital acionário da Varig à TAP devem ser concluídas em três semanas. Segundo o presidente do conselho de administração da empresa brasileira, David Zylbersztajn, a intenção é anunciar o fechamento da operação no início de junho. Enquanto isso, ele informou que a companhia portuguesa terá exclusividade no negócio - ou seja, as outras propostas de compra da Varig continuarão sob análise, mas não serão objeto de negociação. Zylbersztajn afirmou que não está nos planos do novo conselho utilizar a Lei de Falências para salvar a empresa aérea. Apesar de não ter descartado completamente o uso desse mecanismo, o executivo enfatizou que o recém-empossado conselho da Varig nunca debateu a possibilidade de entrar em processo de recuperação judicial e essa não seria a melhor alternativa. Com isso, Zylbersztajn sinalizou o enterro de mais uma das saídas exaustivamente estudadas pelo governo para contornar a crise da Varig. Sancionada em fevereiro pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a nova Lei de Falências incluiu um artigo específico sobre as companhias aéreas, que permitia a elas abrir um processo de renegociação das suas dívidas com os credores. A medida tinha como principal objetivo facilitar a recuperação da Varig e foi arduamente defendida nos bastidores pelo vice-presidente e ministro da Defesa, José Alencar. Ontem, ele voltou a demonstrar otimismo com as discussões para contornar a crise da aérea. "Em muito breve a Varig terá boas notícias para dar aos brasileiros", declarou Alencar. Divididos em grupos, os representantes da empresa - entre eles, os conselheiros Eleazar de Carvalho Filho e Marcos Azambuja, além do presidente-executivo, Henrique Neves - fizeram ontem um périplo por Brasília. Após o encontro com o vice-presidente, reuniram-se no Congresso com membros da Frente Parlamentar em Defesa da Varig, com a direção da Infraero e com o presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Edson Vidigal. Alencar descartou a possibilidade de fazer qualquer tipo de ingerência ou pedido aos credores estatais para uma flexibilização aos prazos dados para a companhia aérea. Segundo ele, as empresas do governo terão autonomia para cobrar suas dívidas e negociar os créditos. "Isso faz parte das tratativas da Varig diretamente com as empresas", afirmou o ministro, referindo-se à Infraero, à BR Distribuidora e ao Banco do Brasil. O presidente do conselho curador da Fundação Ruben Berta, Ernesto Zanata, divulgou nota em que volta atrás de declarações concedidas na terça-feira, após audiência pública no Senado. Ele havia sugerido a BNDESPar como gestora de um novo fundo, que ficaria com as ações da FRB na Varig até que fossem concluídas as negociações para transferir o controle acionário da companhia. Zanata ressaltou ontem que a administração do fundo pode ser feita por qualquer instituição financeira, não apenas pelo BNDES. Zylbersztajn disse que essa idéia é "coisa do passado", anterior à posse do novo conselho da companhia.