Título: BNDES vai definir futuro da Light
Autor: Cláudia Schüffner
Fonte: Valor Econômico, 19/05/2005, Empresas &, p. B11

Concluída a segunda rodada de negociações com os bancos, a Light agora aguarda a análise de crédito do BNDES para aderir ao Programa de Capitalização das Distribuidoras, criado pela instituição de fomento e com encerramento previsto para 30 de junho. Ontem, o diretor de relações com investidores da Light, Paulo Roberto Ribeiro Pinto, detalhou o acordo de renegociação firmado com 12 bancos credores, explicando que a companhia já está enquadrada no programa do banco estatal. "Sem o BNDES não temos um plano B. Estou otimista mas realista", resumiu o executivo da Light. Segundo ele, "falta a análise de crédito pelo BNDES. Depois que a diretoria (do banco) aprovar a operação vamos convocar nova assembléia de acionistas para que a EDF converta em capital o crédito de US$ 400 milhões que tem contra a Light", explicou o diretor. "Em seguida vamos emitir debêntures conversíveis dirigidas para a capitalização do BNDES". A Light prepara uma emissão de R$ 767 milhões em debêntures conversíveis em ações da companhia, dos quais, como determina o programa de capitalização, o BNDES vai adquirir R$ 727 milhões. Desse total, o banco estatal pode converter pelo menos um terço em ações da companhia, ficando com 8% do capital da Light. Mas a distribuidora carioca torce para que esta participação seja maior, com o BNDES convertendo pelo menos 50% das debêntures. Se isso ocorrer, o ele passaria a deter 20% do capital da empresa, como calculou o próprio Ribeiro Pinto ao fazer simulações. Ontem o diretor voltou a frisar que a EDF não tem planos de se desfazer da Light, afirmando entretanto que ela gostaria de abrir espaço para novos sócios, reduzindo sua participação. Ele também admitiu que não tem nenhum "plano B" na manga caso surja um novo problema na negociação com o banco estatal. "Sem o BNDES não temos um plano B. Estou otimista mas realista", resumiu o executivo da Light. A distribuidora renegociou sua dívida de R$ 1,77 bilhão, equivalentes a aproximadamente US$ 660 milhões com os bancos. Desse total, faz parte uma dívida de US$ 160 milhões devidos ao Deutsche Bank (credit linked notes), equivalentes a aproximadamente R$ 400 milhões que não são elegíveis. Deduzido o débito com o banco alemão, a dívida cai de R$ 1,7 bilhão para R$ 1,3 bilhão, equivalentes a aproximadamente US$ 500 milhões. O pagamento dessa soma será feito em três tranches. As tranches denominados A e B devem ter credores que têm R$ 800 milhões a receber. Na tranche C estão fundos americanos que deram mais um ano de prazo à Light, em troca de uma taxa de juros crescente. A dívida de US$ 160 milhões com o Deutsche foi repactuada e teve o vencimento do principal, que atualmente está previsto para 2007, postergado para 2014. Essa dívida tem garantia corporativa da EDF e será paga pela Light apenas depois que vencerem os prazos de pagamento das tranches A, B e C, com vencimentos em 2012 e 2013, já considerando a carência de um ano. "Esse momento é muito importante porque estruturamos a dívida e permitirá retomar o equilíbrio econômico-financeiro, sem prejudicar a concessão", disse Paulo Roberto Pinto, informando ainda que a Light deve aderir ao novo mercado da Bovespa em julho.