Título: Corretoras procuram incentivar os acionistas a alugar
Autor: Angelo Pavini
Fonte: Valor Econômico, 19/05/2005, EU &, p. D1

João Carlos Pimenta, da Banespa Corretora, uma das principais participantes do mercado, destaca que o aluguel de ações tem ganhado terreno no volume do mercado. No ano passado, o volume de aluguel correspondeu a 8,5% do total negociado pela Bovespa. Neste ano, já chega a 11,1%, tendo atingido 12,7% do volume em abril. Segundo Pimenta, a instituição é hoje a segunda no ranking dos doadores de recursos, pelo grande volume de pessoas físicas que operam em suas salas de ações. De janeiro a abril, a corretora respondeu por R$ 1,5 bilhão em aluguéis, incluindo tomadores e doadores de ações. A corretora permite ainda o aluguel para valores menores, usando um sistema eletrônico onde o cliente já na hora da compra diz se autoriza o empréstimo do papel. Assim, quando aparece tomador, a corretora negocia a taxa e faz o rateio de acordo com as ações de cada investidor. Sobre a operação é cobrada uma taxa média de 0,25%. "Procuramos automatizar ao máximo o sistema", diz. No ano passado, a Banespa Corretora fez 157,458 mil negócios de aluguel. Neste ano, só entre janeiro e abril, foram 81 mil. No Itaú, o volume de aluguel também cresceu acentuadamente, diz Roberto Nishikawa, presidente da corretora. Até abril, o volume total atingiu R$ 1,7 bilhão, com 4.700 negócios, metade do registrado em todo o ano passado, de R$ 3,2 bilhões. Os doadores são clientes da Itaú Corretora, pessoas físicas principalmente, que compram ações com visão de longo prazo. As taxas variam de 2% a 6% e o banco cobra uma comissão de 0,25% a 0,5% ao ano. O argumento para os clientes é que, em muitos casos, o aluguel de 5% ao ano supera os dividendos pagos pelas empresas, diz Anibal César Jesus dos Santos, presidente da Bradesco Corretora. Hoje a instituição tem 98 clientes alugando ações e 560 contratos de empréstimo em aberto. O volume de empréstimos de abril foi de R$ 247 milhões, quase igual ao de todo o ano passado, de R$ 300 milhões. O forte crescimento dos fundos long/short provocou algumas mudanças nos mercados de aluguéis e Índice Bovespa Futuro, alerta Ricardo Campos, da Hedging-Griffo, uma das líderes no aluguel de ações. Antes, o Ibovespa futuro era negociado por um preço equivalente ao índice à vista mais os juros do CDI. Hoje, com muitos fundos usando o índice para arbitragem, o mercado futuro paga metade do juro do CDI. Campos lembra ainda que a procura por alguns papéis para alugar é grande, o que pode aumentar o risco de uma crise de liquidez ("squeeze") caso todos os gestores tenham de comprar ações para honrar os aluguéis ao mesmo tempo. "Isso já aconteceu no passado recente, antes dos long/short, com Net e Embratel", diz ele, lembrando que no Brasil poucos gestores sabem analisar apropriadamente uma operação de venda de ações. (AP)