Título: Em nova fase, Vivo ajusta o foco em serviços ao cliente
Autor: Talita Moreira
Fonte: Valor Econômico, 23/05/2005, Empresas &, p. B2

A indicação do administrador de empresas Roberto Lima para a presidência da Vivo sinaliza que a maior operadora de telefonia móvel do país quer dar mais ênfase à prestação de serviços. A empresa dedicou boa parte de seus esforços, nos últimos anos, à criação e consolidação da marca Vivo e aos investimentos em tecnologia e aumento da cobertura - enquanto concorrentes como TIM, Claro e Oi avançavam no mercado com estratégias de preços mais agressivas. O executivo de 54 anos, presidente da Credicard até a semana passada, assumirá o cargo em julho no lugar de Francisco Padinha, que voltará a Lisboa para trabalhar na Portugal Telecom. A chegada de Lima ao principal cargo executivo da Vivo foi oficializada na sexta-feira, com uma rápida entrevista à imprensa e um comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários. O anúncio foi feito pelos presidentes mundiais da Portugal Telecom, Miguel Horta e Costa, e da Telefónica, Cesar Alierta. Foi o desfecho de longas semanas de negociações - tensas, em alguns momentos - entre os dois sócios ibéricos. Embora a prerrogativa de nomear o presidente seja dos portugueses, o grupo espanhol apresentou sugestões para o cargo. O diretor-geral da Telesp, Manoel Amorim, foi um deles. As conversas foram entremeadas com o mal-estar gerado no governo português pela intenção da Telefónica de aumentar sua fatia no capital da Portugal Telecom. O presidente do grupo Telefônica no Brasil, Fernando Xavier, acumulará a presidência do conselho de administração da Vivo, no lugar de Felix Ivorra. Apesar de ter participado da entrevista na sexta-feira, Lima não deu declarações à imprensa, mesmo quando as indagações eram feitas especificamente a ele. Todas as questões dos jornalistas foram respondidas por Horta e Costa e por Alierta, sem muitos detalhes. "Tenho apenas meia hora de Vivo e conheci a equipe hoje de manhã", limitou-se a dizer Lima. Posteriormente, a assessoria de imprensa enviou um comunicado com breves declarações do executivo. Nele, o novo presidente afirmou que pretende "manter o crescimento rentável da Vivo" e dar continuidade ao trabalho de Padinha. "É cedo para Roberto Lima avançar com idéias estabilizadas que não foram suficientemente discutidas com o conselho da Brasilcel (holding que controla a Vivo)", justificou Horta e Costa. O silêncio do novo presidente e a indicação de Xavier para o conselho de administração evidenciam que os sócios devem atuar mais diretamente no dia-a-dia da Vivo. Alierta e Horta e Costa também procuraram afastar rumores de que Telefónica e Portugal Telecom não estariam se entendendo bem na joint-venture. A experiência de Lima em empresas ligadas a serviços foi destacada pelos sócios. "A Vivo está fechando um ciclo de arquitetura e de construção. Foi notável a obra que fizeram (os atuais executivos), mas estamos em tempo de mudanças", afirmou Horta e Costa. Lima terá de fazer um ajuste fino para estancar a perda de participação da Vivo no mercado nacional de telefonia móvel sem comprometer a rentabilidade da operadora, que tem dado sucessivos prejuízos. De acordo com Xavier, coordenar o retorno aos acionistas com a liderança é um desafio que requer permanentemente ajustes delicados. A Telesp Celular - maior das empresas que compõem a Vivo - ficou com 4% das adições líquidas (novos clientes menos desligamentos) à base de celulares do Estado de São Paulo no primeiro trimestre deste ano. A TIM ficou com 60% e a Claro, com 38%. O levantamento é do analista Roger Oey, do Banif. Segundo ele, ter escala é importante para as empresas diluírem custos e conseguirem oferecer tarifas mais baixas e serviços melhores. "Esses fatores serão os diferenciais nos próximos anos", observou.