Título: Mortalidade baixa nos projetos do Cesar
Autor: Ricardo Cesar e Paulo Emílio
Fonte: Valor Econômico, 23/05/2005, Empresas &, p. B4

O Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (Cesar), situado dentro do Porto Digital, é hoje uma das bases nacionais e internacionais de referência na gestação de empresas do setor de tecnologia da informação. Empregando o sistema de lógica inversa, o Cesar primeiro identifica os problemas comerciais para só então apresentar uma solução definitiva ao mercado. Com base neste conceito, a instituição, que é ligada à Universidade Federal de Pernambuco, conquistou clientes do porte da Motorola, Siemens, IBM e Bompreço, entre outros. No ano passado, o volume de vendas da entidade - que não tem fins lucrativos - chegou a R$ 43 milhões. O presidente do Cesar, Sílvio Meira, diz que a instituição já colocou no mercado cerca de 30 novas empresas desde a sua criação, há nove anos. O índice de mortalidade fica na casa dos 30%, considerado baixo. "Criamos as nossas empresas a partir de problemas. Realizamos pesquisas de mercado e usamos todo o aparato necessário para garantir qualidade", afirma. Um exemplo é o avião robotizado para verificação e monitoramento de linhas de transmissão de energia. Trata-se de um pedido da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) que está sendo desenvolvido em parceria com o Instituto Aeroespacial (ITA). Até chegar ao formato hoje em uso pelo Cesar foram mais de dez anos. As primeiras discussões em Pernambuco iniciaram-se por volta de 1993. Já os investimentos no setor de TI começaram na década de 70 com a implantação de centros de grandes empresas como a IBM. Também estão localizadas no Estado duas das dez empresas de bases tecnológicas do país: a Procenge e a Elógica. "Em 1993 já éramos um dos principais centros de mão-de-obra do Brasil. O problema é que até 75% deste capital humano migrava para outros Estados ou até mesmo outros países", observa Meira. Foi então que o Cesar surgiu, como uma alternativa para segurar este capital intelectual e reter conhecimento no país. Hoje a instituição orgulha-se de estar até repatriando profissionais. Exemplo disso é o principal gerente de engenharia do Cesar, Eduardo Peixoto, que foi trazido de volta da Suíça para Pernambuco. (PE)