Título: Bahia investe R$ 17 milhões para estimular desenvolvimento de software
Autor: Patrick Cruz
Fonte: Valor Econômico, 23/05/2005, Empresas &, p. B4

A Bahia deve contar, a partir do ano que vem, com o Condomínio Digital, união de empresas de desenvolvimento de software que está sendo criada em Salvador. A licitação para a escolha do responsável pelas adequações no prédio que vai abrigar o condomínio estará concluída em, no máximo, seis meses, e o funcionamento do espaço está previsto para um ano depois do início das obras, segundo o secretário estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação, Rafael Lucchesi. O governo do Estado estima que o investimento na iniciativa chegará a R$ 17 milhões. O Condomínio Digital abrigará 60 empresas, mas pouco mais de 80 já manifestaram à secretaria interesse de fazer parte do projeto. O espaço será destinado exclusivamente a companhias baianas. Segundo estimativa de Lucchesi, serão criados dois mil empregos diretos. "Essas pessoas também vão ajudar a movimentar a economia em torno do condomínio", disse Lucchesi. O empreendimento será instalado no prédio do Instituto do Cacau, no centro histórico de Salvador. A escolha do local também está relacionada ao trabalho de revitalização dessa área da cidade, conhecida como Cidade Baixa. Quase todas as 60 empresas ocuparão um espaço de 200 metros quadrados cada. Três delas, de porte maior, serão âncoras do projeto, ocupando entre 1,5 mil e 3 mil metros quadrados. Uma delas é a Unitech, uma das maiores fabricantes de software das regiões Norte e Nordeste. A companhia, que tem sede em Salvador, vai deslocar sua base para o Condomínio Digital. O diretor-superintendente, João Francisco Mendes Neto, acredita que a iniciativa ajudará a movimentar o setor de tecnologia no Estado. "A Bahia não tem tradição na área de software", diz. Essa não é, entretanto, a única iniciativa para tentar dar impulso ao setor no Estado. Está em andamento a criação, também em Salvador, do Parque Tecnológico, que ocupará um milhão de metros quadrados e deverá atrair empresas de porte maior do que as que vão se instalar no Condomínio Digital. Serão três as áreas prioritárias a participar do empreendimento, segundo o secretário Rafael Lucchesi: biotecnologia, tecnologia da informação e energias renováveis. O governo federal já garantiu, segundo Lucchesi, R$ 13,9 milhões para investimentos na viabilização do Parque Tecnológico em 2005. Ainda não há nomes de empresas confirmados para participar da iniciativa, mas ele deve começar a operar entre meados de 2006 e 2007. "Esse é um projeto com prazo de maturação maior", disse o secretário. Em Ilhéus, a 467 quilômetros de Salvador, o pólo de informática da cidade completa em 2005 dez anos de existência. Somadas, suas pouco mais de 60 empresas faturam, segundo estimativas, entre R$ 1 bilhão e R$ 1,5 bilhão. Mesmo com os números vistosos, o sindicato das indústrias de informática local e as empresas têm reclamado das condições da infra-estrutura da região, principalmente da falta de um aeroporto com alfândega. Isso possibilitaria a chegada das peças importadas diretamente à cidade, e não primeiro a Salvador - o pólo de informática de Ilhéus é formado basicamente por empresas de hardware. "Muitas empresas têm optado pela instalar em outros locais em virtude de problemas de logística, principalmente para o escoamento da produção", diz Cláudio Dias, diretor comercial da Ibracomp. Ainda assim, Dias acredita que o número de empresas do pólo é baixo para justificar um aeroporto alfandegado.