Título: Vôlei atrai mais recursos do BB e fecha com o Terra
Autor: Eliane Sobral
Fonte: Valor Econômico, 23/05/2005, Empresas &, p. B5

Os investimentos de propaganda e publicidade no vôlei brasileiro saltaram de R$ 319 mil em 2003, para R$ 2,2 milhões, em 2004. Uma parte desse expressivo crescimento é explicado pela realização dos Jogos Olímpicos, em Atenas, que aumentou o número de partidas disputadas e oportunidades para os anunciantes. Mas esse gasto milionário também é resultado da profissionalização desse esporte e da parceria de 11 anos que a Confederação Brasileira de Voleibol (CBV) mantém com o Banco do Brasil. O vôlei já desperta a atenção de outras empresas que também querem associar sua marca a um esporte que atrai público jovem, tem boa aceitação entre as mulheres e só perde para o futebol na preferência das classes A e B, de acordo com pesquisas da CBV. Mas não é fácil quebrar a hegemonia que o BB conquistou ao associar sua marca ao vôlei. Hegemonia e resultados. Segundo o diretor de marketing e comunicação do BB, Henrique Pizzolato, o vôlei é o maior responsável pela redução da faixa etária dos correntistas do banco. "Antes dos patrocínios, a média de idade dos nossos correntistas era de 40 a 45 anos. Hoje está próxima a 33 anos", diz. Sem contar o incremento nos negócios. Pizzolato informa que o banco realizou uma promoção de vendas ligada aos Jogos Olímpicos e teve um aumento da ordem de R$ 400 milhões em sua receita, com a comercialização de produtos como seguros, títulos de capitalização e recuperação de crédito. Com um desempenho como esses é natural que outras empresas também queiram entrar nesse jogo. O portal de internet Terra é a mais nova marca estampada no uniforme das seleções feminina e masculina do circuito Banco do Brasil de vôlei de praia - este torneio, aliás, é um subproduto desenvolvido pelo próprio banco, que se encarrega da comercialização do patrocínio. Nenhuma das partes fala em valores, mas o diretor de marketing do Terra, Alexandre Cardoso, dá uma pista dessa incursão pelas areias. "Em 2004 investimos 2% da nossa verba de marketing em eventos esportivos. Para este ano o percentual subiu para 5%". A estréia do Terra no patrocínio esportivo aconteceu no ano passado, quando a empresa associou sua marca à competição automobilística Stock Car. Foi uma aprendizagem, lembra Cardoso. "Aprendemos que, assim como não adianta só fazer filmes publicitários para a TV, não basta colocar a marca num carro de competição ou no uniforme do atleta. É preciso desenvolver ações paralelas que fixem sua marca e as aproximem do seu público alvo, como a distribuição de bonés, camisetas, a organização de torcidas no local das provas, a montagem de camarotes para clientes ", enumera. Lição aprendida, o Terra voltou à carga e há dois meses entrou no vôlei de praia. Ele não quantifica os resultados obtidos até aqui e faz um alerta: "É um erro tentar medir esse tipo de ação através de números. Quem fizer isso, sai do patrocínio esportivo no ano seguinte porque ele não tem o propósito de gerar negócios imediatos. O próprio patrocínio do Banco do Brasil ao vôlei teve de esperar um tempo de maturação para começar a dar frutos", afirma Cardoso. Quem quiser entrar agora no vôlei terá de esperar ou que o Terra desista ou que o Banco do Brasil mude de idéia. Isso porque, segundo explica Henrique Pizzolato, há nenhum interesse por parte do banco em dividir espaço tão nobre com outras marcas. Nas seleções brasileiras de vôlei de quadra, por exemplo, o BB reina sozinho e só abriu espaço para o portal da internet no circuito de praia. "Abrir espaço na camisa da seleção é mais difícil porque pode-se perder visibilidade. Além disso, haveria dificuldade para as novas patrocinadoras porque a marca do banco já está muito fixada ao esporte", afirma o diretor de marketing e comunicação do BB. Pizzolato afirma que é inegável o peso do vôlei na renovação da imagem do banco e no incremento dos negócios mas faz questão de lembrar que a atuação do Banco do Brasil em marketing esportivo vai além do vôlei e inclui esportes como tênis, iatismo e futebol de areia, além de atletas como os tenistas Gustavo Kürten e Flávio Saretta, e o iatista Robert Scheidt. Segundo Pizzolato, dos R$ 200 milhões que o BB pretende investir em marketing neste ano, R$ 47 milhões irão para o marketing esportivo. "É um projeto altamente rentável, agrega muito valor à nossa marca e gera projetos sociais, como as escolinhas de vôlei para crianças e adolescentes, e a arrecadação de alimentos que promovemos em vários jogos", completa. O superintendente da Confederação Brasileira de Voleibol, José Fardim afirma que, se para o Banco do Brasil o apoio ao vôlei é um bom negócio, para a entidade, a presença da instituição financeira é um dos principais agentes do sucesso e do crescimento do esporte no país. "Essa parceria é tão boa que os contratos com o Banco do Brasil são renovados com muita antecedência", diz Fardim sem fechar a porta a possíveis interessados. "Há espaço para ações promocionais e que podem ser discutidas caso a caso", diz ele.